Revista semanal pela Internet Índio Gris
Nº 98. ANO 2001 QUINTA-FEIRA 11 DE
ABRIL

 

UNE - DIRIGE - ESCREVE E CORRESPONDE: MENASSA 2002

NÃO SABEMOS FALAR, MAS O FAZEMOS EM VÁRIOS IDIOMAS
CASTELHANO, FRANCÊS, INGLÊS, ALEMÃO
ÁRABE, PORTUGUÊS, ITALIANO E CATALÃO

La danza Interminable

ÍNDIO GRIS É PRODUTO
DE UMA FUSÃO
O BRILHO DO GRIS
E
O ÍNDIO DO JARAMA
A FUSÃO COM MAIS FUTURO DO SÉCULO
XXI

Índio Gris


ÍNDIO GRIS Nº 98

ANO II

EDITORIAL

ENTREVISTA AO POETA MIGUEL OSCAR MENASSA
Domingo, 7 de abril de 2002

Carmen Salamanca: Fale-nos de seu começo na pintura. Como começou a pintar? Por quê?

Miguel Oscar Menassa: Comecei a pintar como todo mundo, quando tive contato com minha própria merda, como acontece a todo mundo, quando era pequeninho, mas depois tive como que uma... não vêem que agora pinto com luvas? Porque ainda não posso superar... E depois, na verdade, meu primeiro óleo foi aqui na Espanha. Eu sou um pintor do exílio, não porque represente algum exilado, senão que me exilei e depois comecei a pintar. Portanto, se alguém quer pintar, aconselho que se exile, é muito simples, eu quero o bem para a humanidade como para mim fez bem o exílio.

Depois Rodolfo Alonso, um poeta muito importante para mim, muito respeitado e muito querido, falando de tudo um pouco chegou a se perguntar seriamente: se eu tivesse ficado em meu país, se teria escrito como escrevo, quem sabe se teria chegado a pintar. Talvez o homem tenha razão.

Quero dizer que agradeço à ditadura militar argentina que me fez sair de meu país, porque dessa maneira segundo fontes muito muito cultas e muito inteligentes, isso me fez bem, me deu uma dor, mas... Fez bem a minha escritura, fez bem a minha pintura. Viva o exílio.

CS: Se exilou, mas aqui teve que encontrar alguém que lhe ensinasse a dar seus primeiros passos, ou começou a pintar espontaneamente?

MOM: Me levantei uma manhã e disse: pintor, e me pus a pintar.

CS: E quais considera que são seus mestres na pintura?

MOM: Não quero lhe mentir, mas recorra duzentos museus da Europa, África se há algum, Ásia e América e esses são meus mestres. Entende o que lhe digo? É como se eu dissesse: tenho um poeta preferido e lhe digo um nome, eu sou capaz de dizer-lhe um nome, mas se nvestigas mais, na realidade são como 2.000 os poetas que gosto. Um é ingrato, é como quando alguém lembra das namoradas, sempre lembra duas ou três namoradas, ou dois ou três namorados, quando teria que se dar conta de que todas as pessoas que tiveram alguma relação com ele colaboraram em sua felicidade.

Capenga o verde bexiga (que a bexiga é branca), que é um verde que quando está ao natural é quase negro. Traço um plano inclinado, lhe faço uma curva como se fosse uma nádega que depois vai ser uma árvore e traço uma fenda vertical assim, e fico contente porque manchei a tela. Entende por quê comecei a pintar? Comecei a pintar porque se eu quisesse me casar com uma virgem todos os dias, minha vida teria sido um escândalo, teria terminado no manicômio, louco. Ao contrário, me sinto diante da tela em branco e essa virgindade mancho com um desejo, porque na realidade um dia elejo o verde, noutro o azul... Entende o que lhe digo? Se não me entende, me diz que não me entende.

CS: O azar das combinações, creio que essa frase utilizas às vezes para falar da escritura; poderia ser aplicada à pintura também?

MOM: Bom, eu agora estou pensando que não posso abandonar a escritura, porque já tenho um compromisso social, mas claro está que pensei  ultimamente em abandoná-la pela pintura. Abandonar a poesia, uma pessoa que já escreveu 3.000 poemas, não pode abandonar a poesia; entende o que lhe digo? Mas está surgindo um interesse poético pela pintura, isso que sentiste esta manhã quando estava pintando seu quadro, e disse “Ah, por fim associo livremente na pintura!”. Isso é possível porque o mecanismo de produção da pintura é exatamente igual ao mecanismo de produção dos poemas.

CS: Como se poderia resumir esse mecanismo de produção da pintura? É como nos poemas?

MOM: No sentido de que é produção inconsciente, que não tem nada a ver com o conhecimento, que tem a ver com o saber. Pintar tem a ver com o saber inconsciente, por isso que quando me perguntas “qual mestre considera na pintura?” Realmente vem à cabeça dez, quinze nomes. Para mim mestres são todos aqueles que fizeram uma coisa melhor que eu, antes do que eu, de todos eles tenho algo para aprender. Porque há poetas que gosto mais do que outros, mas o fato mesmo de qualificá-los de poeta faz com que alguém tenha algo para aprender deles.

CS: Então, mesclar cores seria como mesclar palavras.

MOM: As cores são significantes, como as palavras, portanto a combinação é infinita. Por exemplo, eu insisto no fato de que a língua castelhana tem um milhão de palavras, que é uma língua muito rica e poderíamos chegar a ter a sexualidade de um milhão de palavras. No computador, outro dia observei, há 1.300.000 tons de cores. Nem todas as línguas tem um milhão de palavras como a língua castelhana.

CS: Quiseste dizer que a pintura é uma linguagem ou entendi mal?

AD: Só há uma linguagem.

MOM: Como escrever poesia, te aconteceu com o quadro da manhã, o realizaste sentindo que associavas livremente, além disto, Miguel elegeu as cores, quer dizer que não elegeste nem as cores.

CS: Eu, que sou aluna de sua oficina, até dois ou três quadros atrás, sentia que era uma prisão ter idéias, querer fazer algo, querer controlar a experiência.

Temos falado, digamos, das semelhanças entre a tarefa de escrever e a tarefa de pintar, mas qual seria a diferença principal entre ambas as tarefas?

MOM: Esta é uma pergunta muito geral que eu não posso responder, porque seguramente me equivocaria. Eu posso lhe dizer o que aconteceu comigo e acontece comigo. Não sei se está bem dito assim, mas eu sinto que tenho mais liberdade com a pintura. Para mim, quando pinto ninguém me persegue, ao contrário, quando escrevo me perseguem, por dizê-lo de alguma maneira, muitos poetas.

CS: No começo de suas pinturas as mesclas de cor que faz até parecem escandalosas, por isso da liberdade de eleger as cores.

MOM: Penso que a combinação nem sempre é feliz, mesmo que isso não queira dizer que não possam  ser combinadas, com um pouquinho mais de trabalho, às vezes consegues o que não consegues com a simples mescla. Há uma cor que é o “burnt sienna” que é uma das cores que mais gosto e que ao trabalhar me custa mais esforço; eu vejo que quando as pessoas a usam, o quadro borra um pouquinho. Comigo não acontece, mas me custa muito trabalhá-la, ao contrário há cores que, se experimentas, por exemplo o vermelho, verde, com um preto, faz assim e está pronto o quadro. Com este verde não é tão fácil, este é um verde esmeralda.

CS: Quem dirige a mão?

MOM: Estive a ponto de responder-lhe: Deus. Na realidade já lhe disse, o sistema inconsciente. Digamos que o artista que sou sem saber que o sou, o artista que sou desconhecido para mim, esse. Eu creio que a arte está reprimida nos estados, que com todas essas bobagens que dizem da arte, que o poeta não sei o quê, que o escritor não sei quanto, para mim parece que o que fazem é reprimir o acesso à criação. Porque deve haver um saber inconsciente nos criadores que se abrem a porta à criação, entram cinco milhões de pessoas, ninguém perderia a maravilha de criar se abrimos as comportas da criação. O que acontece é que estão um pouco fechadas, entre os estados e os próprios criadores que crêem que foram benditos por Deus...

CS: Quer dizer que a criação é uma possibilidade de todo sujeito.

MOM: Sim, é uma espécie de trabalho especializado com uma aprendizagem e utilizando as matérias primas apropriadas, estudando um pouquinho, conhecendo, olhando, tendo visto, como na poesia. Se conheço a poesia que foi escrita até o momento em que eu cheguei, é muito mais fácil que possa escrever um bom poema do que pensar que em minhas tripas há poesia.

Com a pintura também me aconteceu o que me acontece com todas as minhas coisas, eu sinto que há muitos rufiões no mundo, que todo mundo quer viver de nada, do ar, que todo mundo é super explorado, que é muito difícil que um artista faça dinheiro, que os poetas morrem nas salas escuras dos hospitais do estado onde mal os atendem, eu não entendo por quê. Que, de duzentos pintores de Madrid, há mais ou menos dois que vão bem e o resto faz com que os donos das galerias estejam bem. Estou cansado de ler o jornal El País para me procurar e buscar a alguém de meus companheiros, os grandes poetas, mas na realidade não aparece nenhum. Então assim como fui criando meus próprios meios de difusão, As 2001 Noites, Extensão Universitária, O Índio Gris, eu penso que eu mesmo tenho que pintar, envernizar, emoldurar, distribuir e vender. Que sob nenhum conceito alguma outra pessoa tem que ganhar dinheiro além das que trabalham na concepção de um quadro: o pintor, a pessoa que se ocupa de envernizar, a pessoa que se ocupa de emoldurar, a pessoa que se ocupa de transladar, etc. Imagino que vamos conseguir, mesmo que evidentemente esteja rodeado de gente muito moderna que me aconselha que me darei melhor se eu sair de meu covil, do que encerrado em meu covil. O que acontece é que encerrado em meu covil cheguei até onde cheguei. E logo expõem meus quadros em uma galeria de Madrid e, quem vai comprar meus quadros? A mesma gente que os compra em minha galeria. Ou a galeria de Madrid vai me trazer clientes? Assim que meus clientes compram em uma galeria de Madrid para que o galerista de Madrid leve a porcentagem... Não. Prefiro não vender, em vez de estar preocupado com que herança lhes deixo. Que herança lhes deixo? Pinto dois ou três quadrinhos por semana e os vou deixando aí.

Esta reflexão melancólica que acabo de fazer não tem nada a ver com a realidade, na realidade eu vendo quadros. Não sei se algum pintor de Madrid vendeu tantos quadros quanto eu, e podemos falar dos últimos 15 anos.

Para mim tem que interessar seguir pintando.

CS: Te interessa a experiência em si mesma?

MOM: Não, a experiência em si mesma não me interessa. Eu o entendo: uma vez que o quadro está realizado me dou conta que é uma mercadoria, quando o pinto me divirto, uma vez que o termino de pintar me divirto porque consegui, uma mercadoria me divertindo. Entende? E isso não é tão fácil como as pessoas crêem. Entende?

Quando lhe digo: entende? E o repito quatro vezes, o que lhe digo é que  é muito importante o que acabo de dizer. Porque todos somos criadores, o que acontece é que é muito difícil criar e que isso sirva para vender, não é tão fácil como as pessoas crêem, porque não se trata exatamente da qualidade, se trata de uma qualidade que seja equivalente com as outras qualidades, tem que ser uma qualidade equivalente, mas além disto, há quantidade de problemas no mercado, o mercado está controlado, há muita gente que vive desse controle. Então se torna difícil, às vezes, penetrar nessa camada do poder.

Gosto do Grupo Cero e se lhe dou 40% é porque está subvencionando o Editorial Grupo Cero. Porque o Grupo Cero não ganha dinheiro com o editorial, o Grupo Cero gasta dinheiro com o editorial, então dou ao Grupo Cero porque subvencionar um editorial como o Editorial Grupo Cero, que deu a conhecer nos últimos dez anos a uns trezentos, quatrocentos poetas consagrados e a pelo menos 100 poetas jovens, me parece que é uma boa maneira de investir o dinheiro.

CS: Sim, no dia 16 apresentamos dois livros seus Cartas a mi mujer e Monólogo entre la vaca y el moribundo.

MOM: Na terça-feira 16 de Abril. São de prosa.

CS: São narrativas, sim. Fiquei pensando nisso de prosa, são prosa poética. São como seus quadros, dificilmente definíveis.

MOM: Por que diz isso?

CS: Dificilmente definíveis.

MOM: Ah! Viu que difícil é me copiar.

CS: Sim, isso vai ser muito difícil para os falsificadores do século que vem, bom, ou deste século.

MOM: Na poesia acontece o mesmo. Eu às vezes penso que meus discípulos não escrevem como eu, não tanto por minha qualidade como mestre senão porque minha poesia é inimitável, porque nem eu a posso repetir, para mim também foi brutal essa coisa que faz a poesia.

CS: Qual é a coisa brutal que a poesia faz?

MOM: Bom, só podes dizer que a poesia não lhe agrada se não a escutas, ou seja, se quando põem poesia você se faz de boba, e isso é muito fácil para o ser humano. Mas se escutas um poema, nunca mais pode deixar de escutar poesia. Por isso que, quando as pessoas zombam de mim, na realidade eu zombo das pessoas. As pessoas escutam recitar e zombam porque dizem: “olha este, as bobagens que escreve”. No entanto, eu me divirto porque sei que se alguém chega a escutar, diz: “vou escutar as bobagens que diz este homem” esse perdeu, infectado para sempre. De quê? Disso. Porque, quem depois de ter conhecido outro grau de humanidade, não quer estar com esse outro grau de humanidade? Só um estúpido, só um imbecil; uma pessoa seminormal, semi-sadia, quer voltar a repetir essa humanidade.

CS: Freud disse que o sujeito não abandona nenhum gozo que tenha provado.

MOM: Tem razão, o homem. A única maneira de não aceitar a poesia é não escutando; bom, há gente que fode oito mil vezes em sua vida sem gozar em nenhuma pelas dúvidas de que o vá necessitar.

CS: Um leitor pediu que desenvolvesses um pouco mais o tema da entrevista anterior, onde disse que fecharia todos os museus e poria cadeias de prostíbulos, porque há gente que acreditou.

MOM: Fazem bem em acreditar porque se eu chego a governar, faço isso. Sabe por quê? De que serve ter o Museu do Prado, se de oito milhões que vivem em Madrid só vinte e cinco pessoas estão capacitadas para entrar no museu do Prado? Para que serve? Eu digo: ponhamos um prostíbulo no Museu do Prado, ganhemos dinheiro, cobremos a comissão, eduquemos o povo espanhol e quando houver em Madrid oito milhões de pessoas capazes de se emocionar com os quadros que há no Prado, voltamos a colocar os quadros no Prado. Enquanto isto é estúpido ter o Prado para quinze pessoas, com o que custa ter o Museu do Prado aberto. Por isso me agrada o Grupo Cero, porque quando se deu conta de que o que estava fazendo, fazia bem, pôs a serviço da população.

Não lhe agrada a resposta que lhe dei. Como vai gostar? Se és uma das quinze pessoas que vai ao Prado. Como vai gostar?

CS: O que pensa dessas idéias pós-modernas de que a pintura não dá mais, que agora tudo é audiovisual. Já o diziam com o rádio, que ia desaparecer quando apareceu a televisão. Agora dizem o mesmo da pintura.

Público: Do teatro também.

MOM: Claro, com a aparição do cinema...

CS: É uma mentalidade de amores únicos.

MOM: Que há muitos negócios, há tantos negócios que vocês não entendem. Se, justo agora que a todo o mundo ocorre pensar o negócio audiovisual, lhes ensinam a pintar, lhes estropiam o negócio. É comoos filmes pornográficos ou ir fazendo o filme pornográfico em casa, com as pessoas conhecidas, com a senhora. Se as pessoas seguem os conselhos psicoanalíticos, não tens que enganar ninguém, com a pessoa que está contigo. Não digo nem sequer que há que inventar a grapete. Acabou o negócio da pornografia, então, para que não se acabe o negócio da pornografia segue estando proibida a sexualidade importante na cotidianeidade. Se se permitisse a sexualidade e se permitisse, por exemplo, o que fazem com a droga: “se toma tal coisa tome com cuidado, tome-a assim, molhe-a, faça-a assim” pago pelo estado, por que não ensinam a foder? Por quê não dizem: “se for devagarzinho, com tranqüilidade, com um pouquinho de saliva, lhe mete um dedinho no cu, a vai fodendo e então não sei o que”, para que o homem necessita ver um filme pornográfico?

Tampouco lhe agradou esta resposta? Hoje não lhe agrada nada do que lhe disse. O que tinha pensado? De que  queria falar?

CS: Parece que a ignorância do povo é uma boa fonte de ingressos.

MOM: A ignorância dos povos é uma fonte de ingressos de alguns trapaceiros, vis comerciantes, que se aproveitam da ignorância do povo. Além disto, eu considero que os trapaceiros não têm a culpa, por que as pessoas têm que progredir, as pessoas têm que se dar conta onde está a vida, onde está a morte e que o estado é responsável por essa ignorância das pessoas.

Por que digo que minhas teorias são boas? Porque pinto, as pessoas vêm à oficina e pintam, ninguém se mete com o que fazes a não ser quando está feito. E se és muito jovenzinho, nem a crítica se lhe faz porque, vamos ver se está inventando um novo estilo e isso que eu vejo feio é o começo de uma nova maneira... Claro, se já passam uns anos e segues fazendo bobagens, lhe dizemos: o novo estilo não aparece, por que não pintas como todo mundo?

CS: Que versatilidade, uma cor ou uma palavra, conforme como se coloque e conforme ao lado de que é colocada, é uma coisa ou outra.

MOM: Muito bem, está aprendendo um montão de coisas, convém fazer estas entrevistas.

CS: No fundo, eu faço estas entrevistas para me tornar culta.

MOM: Elegeu a melhor maneira.

CS: E ainda me divirto.

MOM: Esta não é a entrevista para o Índio.

CS: Pensei que podia ser. Por que não, se fala de poesia?

MOM: Sim, por favor, me faça uma pergunta de política porque, senão nossos leitores vão nos criticar. O que aconteceu esta semana? O que lhe interessou esta semana nos jornais, Salamanca?

CS: Me interessou uma espécie de aperto no qual está Bush, porque já disse duas vezes para Sharon que pare os ataques, que vá embora dos territórios ocupados e Sharon disse que vai quando termine seu trabalho.

MOM: E o que pensaste?

CS: Bom, primeiro me divertiu muito que alguém diga que não ao grande ianque.

MOM: Exatamente, porque não lhe disse que não. Havia um acordo prévio de que ele iria dizer quando parar porque estava gestando o apoio dos países árabes, mas não ia parar. Por que eu digo isto? Porque quando ocorre aos Estados Unidos que algo tem que parar te atira a bomba atômica e pára, então, se não atira a bomba atômica em Israel quer dizer que Sharon e Bush estão de acordo. Como a polícia boa e a polícia má, uma te dá uma paulada e outro te dá um cigarro, isto é a mesma coisa.

CS: Me parecia totalmente surrealista que alguém dissesse que não aos Estados Unidos.

MOM: Além disto, não somente aos Estados Unidos, Estados Unidos e todo o concerto internacional. Justo você me pergunta das coisas, das que eu não quero me meter. Porque eu não quero me meter onde se meteu Polanco, o homem dizendo a verdade, agora resulta que o querem tornar presidente da Espanha. O homem já tem seu negócio, não sei se vai querer. Comigo aconteceria o mesmo, se eu me ponho a falar, me ponho a falar, me ponho a criticar, no final, algum louco, que sempre há algum louco, vai dizer “este serve para presidente”, e não estou em idade. Eu estou em idade de dirigir um asilo de anciões, isso sim, isso me agradaria.

CS: Bom, dentro de uns anos, a Espanha vai ser isso. Em 2040 vai ser o país mais velho do mundo.

MOM: Está bem, eu vou ter 100 anos. Que me nomeiem diretor da Espanha, quando sejamos um asilo de anciões e eu tenha 100 anos, está bem.

CS: Sim, está bem.

MOM: Várias notícias, disseram que apresentávamos um livro. E que cobrávamos entrada para que as pessoas não creiam que somos uma seita?

CS: Aos domingos às 18 h, sim, cobramos entrada, mas isso é outra coisa.

MOM: Como outra coisa?

CS: A apresentação de seus livros é na terça-feira, 16 de Abril e não se cobra entrada.

Nos recitais dos domingos, “compramos” entrada, cobramos entrada, compramos esse momento de poesia.

Agora são como meninos, os políticos, não deixam Piqué e Solana verem Arafat, então voltam e Piqué diz na tevê: “Pois nós já sabíamos, não creiam que nos pilharam desprevenidos, nós já sabíamos que não nos íam deixar entrar”.

MOM: E pensas que é mentira.

CS: Claro que é mentira, são uns ingênuos. Piqué crê que a golpe de barrete...

MOM: O que Piqué não pode crer, e não pode crer Solana, é que os Estados Unidos estavam de acordo com Israel. Isso é o que não se pode crer.

E Madrid não tem nenhum problema? Nenhum problema tem Madrid? Tudo vai bem com Madrid?

CS: Madrid é um problema em si mesma, com este prefeito que temos, quero dizer que, até a polícia municipal está fazendo folgas e se pegando há uns dias com a polícia nacional em uma manifestação.

MOM: Isso é o que eu digo em um poema, quando estoura a guerra já ninguém sabe onde vive a amada e já ninguém sabe onde se aninha o traidor.

CS: Mas é ótima a expressão, hoje vinha no jornal.

MOM: O soldado morto por “fogo amigo”.

CS: Com amigos assim, quem quer inimigos? Estamos nos enlameando na política, melhor deixá-lo.

POESIA, POESIA, POESIA, POESIA

Bestas imaculadas, alaridos do perdido tempo do amor,
obstinados, obstinados galopes, excitados de calor e medo.
Cambalhotas inquietas, aves de rapina violadas pela fé.
Viagens perfilando-se para o futuro, pequenos náufragos.

Enegrecida passagem voluptuosa, teu corpo enceguecido.
Teu corpo, essa terra aberta, sem mais, ao universo.
Tua planície de paz, no meio, exato, de teus peitos.
E a fadiga violenta de teu ventre, abandonando-se.

Desato minhas pernas para voar sobre teu coração, ainda,
como se voar fora um voar de amêndoas e de deuses,
me submerjo entre cálidos vagalumes obscurecidos e
cego de amor, sou um pequeno Deus adulterado.

CARTAS DE AMOR

QUERIDA:

Lamento comunicar-te, como dizem meus versos: passaram os anos.

E um homem de 61 anos não pode andar de calçõezinhos pela Gran Vía madrilenha sem ter alguma teoria que fundamente seu andar. E eu, querida, me dou conta, não tenho nenhuma teoria que me permita andar nu aos 61 anos. Ou seja, que estou no ponto onde se compreende, e se toma mais ou menos bem, o fato de ter que mudar de vida, radicalmente.

Uma mudança radical de minha personalidade. Algo com o dinheiro. Algo com o sexo. Aprenderei a cuidar meu trabalho e meu sexo, começarei por me tirar da vitrine das ofertas, dos saldos.

Por um tempo, basta de pulular sonhos e um pouco mais de produção de negócios e de trabalho. Contratos, tempo, dinheiro, vida plena, que bem levados serão suficientes para realizar alguns de nossos sonhos.

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Ela disse que se dá conta de como eu me movo com o dinheiro.

- Não vou manejar tanto dinheiro como o que tu manejas, mas quase, eu não digo tanto e além disto não é a única coisa que quero.

Faz um silêncio, ri.

- Recém me sentia muito graciosa, não sei, achei engraçado. A posição era engraçada.

Mudar velhas cadeias por novas cadeias?

- Continuamos na próxima.

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EROTISMO OU PORNOGRAFIA?

Imaginei que estarias fazendo com qualquer um, mas gozando não me deu ciúmes, poderia dizer que quando te via nos braços delas duas, sentia uma alegria... Por fim, me dizia, essas duas mulheres me desejam também e o que está muito claro, com tudo o que me acontece, é que eu as desejo como uma besta.

Primeiro, quis ser uma mulher, logo ser uma grande mulher e nada consegui, sigo como uma menina assustada do tamanho de teus genitais, algo terei que aprender contigo.

Certa tristeza por não poder desfrutar de tudo o que me ofereces, mas tive dias de plena luz, desse sol que tanto te faz viver. Tive esses dias nos quais só me acontecia o amor.

Bailei, bailei como uma louca de amor pela música.

Meu corpo se sacudia golpeado pela música. As outras mulheres não existiam, sua pica não existia. Só existia meu corpo se movendo, levemente, ao compasso. Me sentia bonita e atraia todas os olhares sobre meu corpo de mulher, quente, apaixonada.

Ele passeia como um perito bailarino fazendo que está interessado por mim e muito próximo move o corpo com elegância para outras, me equilibro sobre ele, um pouco cambaleamos e caímos um em cima do outro e aí aproveitei, enquanto nos ajudavam a nos levantar, para lhe dizer:

- Te amo, filho da puta, te amo.

Você, o que opina?

Pornografia   ou   Erotismo

Até o dia de hoje, votaram:

Pornografia: 165.000         Erotismo: 290.000

 

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Coordenador: 
Miguel Oscar Menassa

Pedir hora: 91 682 18 95
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- Prepara-os para viver -disse o profeta. E todo o mundo fugiu.

- Prepara-os para morrer -disse o assassino. E as vítimas apareceram por todo lado.

- Algo que saia do coração, poeta, por favor, algo do coração.

E o poeta chorou, chorou e nunca mais escreveu nada.

Devo me considerar pelo trato que me estão dando (indiferença total) um dos escritores mais importantes deste século e, por outra parte, o ama-te mais fiel que ela teve em todos os tempos.

As uniões posteriores ao reinado do amor, não só protegem interesses econômicos (como ela gosta de colocar) senão que impõem uma prevenção de muitas enfermidades corporais e toda a loucura.

O entrecruzamento absurdo de caracteres torna impossível qualquer sistematização. Tenho que deixar de ser um homem sofrido que perdeu tudo em seu passado.

Radiantes espelhismos fugiram de mim, afugentados por esta nova realidade que me submete: a alegria, a diversão, o gozo, me têm perfeitamente encadeado a viver e não há de vir nenhum Deus a me dizer como devem ser minhas coisas.

Índio Gris


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