Revista semanal pela Internet Índio Gris
Nº 78. ANO 2001 QUINTA-FEIRA 22 DE
NOVEMBRO

 

UNE - DIRIGE - ESCREVE E CORRESPONDE: MENASSA 2001

NÃO SABEMOS FALAR, MAS O FAZEMOS EM VÁRIOS IDIOMAS
CASTELHANO, FRANCÊS, INGLÊS, ALEMÃO
ÁRABE, PORTUGUÊS, ITALIANO E CATALÃO

La danza Interminable

ÍNDIO GRIS É PRODUTO
DE UMA FUSÃO
O BRILHO DO GRIS
E
O ÍNDIO DO JARAMA
A FUSÃO COM MAIS FUTURO DO SÉCULO
XXI

Índio Gris


ÍNDIO GRIS Nº 78

ANO II

EDITORIAL

Alheio às distâncias fui recorrendo o mundo,
o mundo dos outros, fortes cidades alheias.
Nunca perguntava a ninguém onde estávamos.
Era de todos os países e, ao mesmo tempo, de nenhum.

Nunca soube o nome das festas do povo
nem os lugares secretos, nem o mercado de flores
e não podia nem querendo recordar os mortos,
seus triunfos, suas batalhas, seus amores perfeitos.

Alheio às histórias do mundo, de suas guerras
fui criando uma história onde o amor se fazia
no poema, na noite deserta, no trabalho,
nas voltas obstinadas da vida, da dor.

Nunca pude pensar que o mundo fosse nosso,
que nosso amor, que a comida fosse nossa,
éramos pássaros cantores mas o canto era alheio
voávamos com asas que do tempo roubávamos,

mas o caminho que fazia o amor não era o nosso
era o tempo que nos levava para a morte
voávamos sabendo que eram esquecimento e nada
os que esperavam nos mais altos cumes

o que amava voar com as asas do tempo,
eram trevas e trevas que encadeavam
passos inseguros, dúvidas eternas sobre tudo,
ao pobre pássaro caído sem lar e sem pátria.

POESIA, POESIA, POESIA, POESIA

Aqui estou no incalculável espaço do horror.

Sou, na quinta lua de Saturno, o olho,
que olha o universo.

Sete mil anos de carnes maceradas me deram a visão.

Razão e verdade são, para mim,
afáveis ternuras do passado.

Olho cáustico e apaixonado, indico novos rumos:

viver em um inquestionável vai-vém
entre a terra e o universo,
ser uma proteína carnívora e sangrante
e, ao mesmo tempo, um pedaço de céu.

Uma palavra no espaço,
entre os infinitos,
lençóis da morte.

CARTAS DE AMOR

Querida:

Eu era e não era um solitário. Não me entregava a ninguém, mas acreditava estar me entregando a todo o mundo. A Juan, a Pedro, aos que nem sequer chegaram a ter um nome para mim. Todos moços bonitos, cheios de energia, mortos antes do tempo. Sou, às vezes, essa grandiosa energia liberada. Ninguém poderá comigo, sou um milhão de mortos. Sou o hino que a morte reclama para si, sou o negro do negro, quero dizer, os brilhos do negro, as esmeraldas da morte.

Te dás conta, querida, como passou o tempo?

Te dás conta como quero cantar e simplesmente canto?

Vamos, querida, já passou algum tempo, já os pequenos salgueiros levaram lágrimas ao rio. Já os pequenos salgueiros cresceram, os ventos cresceram, as crianças, meus escritos, minha preguiça cresceu.

Em todos estes anos, minha querida, cresceu a morte, cresceu a dor e eu, quero dizer-te, não estou preparado para tanta dor. Assim que desta vez começaremos pelo princípio. Para começar, antes de mais nada modificaremos nossa maneira de viver.

A velhice nos próximos séculos
há de resultar encantadora.

A velhice, imagino,
uma velhice incalculável.

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Não termino de entendê-la e não sei, tampouco, se devo.

- Hoje -me disse ela- talvez, me fizesse bem falar dos ciúmes, porque depois... é uma coisa raríssima. É um sentimento tão real quando o vivo e tão irreal quando o falo que... Bom, que esta diferença me assusta, por isso, prefiro silenciar, tanto prefiro silenciar que, quando os ciúmes são ou foram ou serão demasiados, quis ir, quero ir, sairei de seu lado. Tenho muito medo, porque é tão verdade quanto loucura, e é possível que não fale do assunto, porque sendo verdade e loucura ao mesmo tempo, me causa repugnância.

Ontem noite teria me cortado a língua.

- À noite... -balbuciei-.

- Sim, à noite tive uma conversa com meu amor, com o maior de meus amores, para não dizer meu único amor porque tenho você, doutor. Tentei falar-lhe de meu ciúme e, sabe o que me disse?

- Não me venha com essas bobagens de mulher vulgar, de mulher comum. Eu te amo porque outras mulheres me ensinaram a amar, assim deixa de foder.

- Continuamos na próxima.

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EROTISMO OU PORNOGRAFIA?

Orgasmos e dores, é isso o que ela propõe, quando propõe tudo: orgasmos e dores.

Quando lhe mostro que tudo é azul claro, ela me responde que todos morrerão.

- Ela e eu e os claros e amáveis contos de amor, tudo morrerá.

- E o perfume de teu corpo sobre meu corpo?

- Sim -responde ela- e o de outras mil mulheres mais sobre teu corpo, também, morrerá.

Beija-me pela última vez, rebento infernal, carne descomposta para sempre, mortalha vivaz, não poderás escapar de minhas vaporosas e, ao mesmo tempo, tenebrosas carnes finais.

- Serei um poeta -lhe respondo com altivez.

- Não te servirá de nada, igual morrerás.

- Escreverei cem mil páginas, não morrerei nunca. Meu corpo apodrecerá, minha alma apodrecerá, até nosso amor cairá podre de paixão, mas não morrerei.

               Você, o que opina?

Pornografia   ou   Erotismo

Até o dia de hoje, votaram:

Pornografia: 19.000         Erotismo: 38.000

 

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1

Um grão pequeno atrás da orelha me lembra outros investigadores que morreram cheios de piolhos ou de grãos e, para mim, devo dizê-lo, me espera outro destino. Me deixarão viver de meu trabalho ou melhor, como a francesa me disse outro dia, que em Paris comigo fariam o monumento ao deus Eros e me cubririam de sedas e de vícios. Tudo grátis, disse a francesa, por conta do governo socialista francês, o que lhe parece?

2

As pessoas são um pouco imbecis, não podem utilizar o já feito. O mundo começa quando eles abrem os olhos. Que abobados!

3

Eu não decairei porque o sexo não cai.

E se minha escritura segue adiante, se encontrará com um topo: o sexo não cai.

4

Falando da satisfação sexual direta, diremos que sua privação se paga com fenômenos que, por seu dano funcional e seu caráter subjetivo desprazeiroso, temos que considerar como patológicos.

5

Tenho que deixar de gritar e ser mais claro. Ou melhor, tenho que deixar de gritar e ser mais obscuro. Ou melhor, tenho, simplesmente, que deixar de gritar. De qualquer maneira ninguém entenderá nada até o próximo século.

6

Na tentativa de restauração de um movimento impossível, a vida, a escritura é a única possibilidade de retificação.

7

Houve uma época onde se podia falar de forças interiores. Agora toda a força é a do dinheiro, isto é, toda energia é exterior ao sujeito.

8

No encontro azul da desesperança deverei saber o que farei primeiro sabendo que a festa, na realidade, é um assassinato. Ou seja, um passo adiante implica quedas.

CARTA DO DIRETOR

E por último, senhorita, um tempo onde tudo está destruído pode ser, também, um bom momento para mudar.

Em vão vagais pelos domínios da ciência, ninguém aprende senão aquilo que lhe está dado aprender. É impossível viver conforme o princípio do prazer.

O psíquico é algo tão singularmente único que nenhuma comparação pode definir sua natureza.

Depois, se quiseres, podes dar com a cabeça contra a parede ou arrancar os ovos, ninguém chorará por ti.

Oh, se pudesse escrever versos ultrajantes contra mim mesmo, contra minha própria experiência de ser!

Agora elas duas são duas mulheres apaixonadas por si mesmas. Podem destruir tudo se não lhes permitem esse amor. O primeiro que se rompe, está claro, é o homem que interveio no encontro. Não o farei mais e assim me tornarei um grande homem.

Índio Gris


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