INDIO GRIS Nº 53. Revista Unipessoal de Coleta de Lixo

ÍNDIO GRIS, É PRODUTO
DE UMA FUSÃO
O BRILHO DO GRIS
E
O ÍNDIO DO JARAMA
A FUSÃO COM MAIS FUTURO DO SÉCULO
XXI

Já chegamos ao primeiro ano de vida, é irremediável, 52 semanas dizem disso, para uma revista na Internet, com conteúdo, que ninguém dava nem três meses de vida quando nasceu, completou um ano. Estou contente, sobretudo pensando que este ano poderei difundir a revista que tenho, já que os 52 números anteriores assim o testemunham.

ÍNDIO GRIS,
REVISTA SEMANAL PELA INTERNET
POESIA, NARRATIVA, PSICOANÁLISE,
ALGUM AMOR, ALGO DE POLÍTICA.

O ritmo que temos conseguido foi no primeiro ano de 720 entradas por mês. É nosso objetivo, no novo ano que se inicia, chegar às 720 entradas por dia e isso terá sido colocar no ar, ou seja, aos olhos do mundo, Índio Gris.

Os Índios Grises somos aqueles que lutamos pela construção de um futuro que será vivido por outros.

Os Índios Grises somos aqueles que nos divertimos construindo um futuro que não viveremos.

Depois dos sessenta anos Você pode ser um Índio Gris. Porque depois dos sessenta anos não há futuro para ninguém a menos que seja compartilhado. Aos sessenta anos há muito futuro para outros além de mim e se não quero ficar sem trabalho, devo trabalhar para outros.

Antes dos sessenta anos Você pode ser um Índio Gris porque antes dos sessenta anos não há futuro para ninguém se vários não colaboram para que haja esse futuro.

E se é um jovem trabalhador, universitário, pode ser um Índio Gris, porque não pode haver futuro, para nenhum jovem, sem mundo, sem herança cultural, sem mestres, sem ruas, sem luzes. Porque não há colhões em nenhuma juventude sem a sabedoria de algum homem, castrado pelo tempo, que pertença a essa juventude.

Com algumas mulheres, dizia o condenado, termino fazendo amor porque não suporto como falam . Não tanto o que dizem senão como o dizem.

Foi fácil tirá-la de cima. Lhe disse que a desejava e nunca mais se prendeu em mim.

Se começasse a me preocupar, como acontece aos neuróticos que me rodeiam, pela vida que vivemos, creio que abandonaria tudo e voltaria ao meu país apesar de nunca ter tido um para mim.

Viver 200 anos é a única coisa que me interessa, o resto me interessa porque me permite viver 200 anos.

Que barbaridade! Estou fora de toda realidade e, no entanto, algo de realidade possuo.

A poesia rasgou a palavra,
estendeu a frase ao infinito,
bordou sem fio e sem agulha,
o coração da quebrada voz.

Houve um sentido
que se abriu em mil pedaços,
houve um amor tão grande
que ninguém pode amar
e houve, meu amor, minha amada,
grandes amantes cruéis
que faziam amor
com as palavras

Hoje é sábado 26 de maio, em todos os sentidos um dia depois. Ontem foi inaugurada a feira do livro de Madrid e parecia um deserto. O Editorial Grupo Cero vendeu 7 livros. Poderíamos dizer: 50 por cento de tudo o que se vendeu ontem.

Os organizadores, a quem de alguma maneira respeito e em parte um pouco quero, estão obstinados com que na Feira do Livro não está totalmente correto vender livros. São algo assim como histéricos, há que mostrar-se com os melhores ornamentos, (por exemplo um Editorial pequeno como o nosso que já tem 120 títulos publicados e vende edições de 1000 exemplares, se poderia dizer metade em Madrid e metade em Buenos Aires, e difunde duas revistas gratuitamente com tiragem de 250.000 exemplares por mês, deve ir à Feira depois de pagar o aluguel correspondente e ter prometido aos empregados o pagamento de horas extras ou algum outro favor e deve mostrar somente isso, mostrar-se) porém não mostrar que se quer vender o que se expõe.
O resultado final desta operação é que os homens e as mulheres que atendem nas bancas fazem de conta que são cultos e ricos e não lhes interessa o dinheiro e os possíveis compradores para não serem acusados de materialistas passeiam pelo Retiro e, ao longe, vêem passar um livro que ninguém comprará porque na feira do livro de Madrid está quase proibido vender livros.

Notícia inusitada do diário: Um juiz de Barcelona proíbe um "gay" de se aproximar a menos de um quilômetro de outro homem.

PS.: Nos damos conta que a culpa é do jornalista, então lhe aproximamos uma pergunta:

Por que pensa que a sociedade atual tolera melhor a homossexualidade feminina do que a masculina? Por quê?

Hoje vai de titulares de notícias: Ibarretxe lidera a unidade democrática mas Anasagasti... etc " Como alguns sabemos o "mas" modaliza tudo o que na frase está antes de sua aparição. Para vê-lo no exemplo: Ibarretxe lidera a unidade democrática mas não serve para nada, mas não é o importante, mas isso não é o que nos interessa. Não sabemos se nas escolas de jornalismo ensinam estas coisas por isso aconselhamos ao jornalismo em geral também a Cebrian e a Ramirez a concorrer, ainda que não seja mais gratuitamente, a nossas oficinas de bons costumes.

Hoje me despertei pensando que já havia feito muitas coisas para o mundo.
Agora farei algumas coisas para mim: um amor, um verso, um sonho.

Basta Menassa, busque pelo caminho correto e encontrará o que se encontra no caminho correto.

Sábado quase morri de tanto rir. Os de Babelia agora publicam um poema semanal (entre parênteses, malíssimo) tratando de imitar ao Grupo Cero, mas os pobres não se deram conta que o Grupo Cero publica dois poemas diários um inédito escrito pelos integrantes das oficinas de poesia grupo cero e outro poema já publicado dos poetas já consagrados como tal.

Eu não quero molestar ninguém, mas sem saber escrever, sem saber selecionar a boa poesia e o fazendo só uma vez por semana não creio que essas pobres criaturas de Deus possam me ganhar em algo. E se por agora fazem de conta que gastam mais dinheiro que nós, nós com o tempo também faremos de conta.

Caminhamos pelas ruas de nossa cidade, Madrid, e vemos tanta gente desesperada, louca, morta de solidão que, temos que confessar, nos dá medo viver tranqüilamente, alegres, sabendo que tudo mudará, ao menos para nós.
Nos dá vergonha, temor, entre tanta violência, peste, iniqüidades, escrever delicados poemas onde o amor pode quase tudo.
Entre tanta miséria, parece de moralistas amar a beleza, o ritmo encadeado das palavras, entre si, fazendo poesia, seguir enamorados do amor, de suas formas, de sua maneira de reinar.
Reconhecemos estar, como as palavras, encadeados a nossos gostos, aos nossos encontros, a nossa maneira de conversar.

Sou a pequena luz que volta da morte,
o pequeno canto animal das estrelas,
o pássaro maldito que morrerá cantando.

Atrás,
que ninguém toque o tesouro invisível que se esconde em meus versos.
Atrás,
o amante desta mulher sou eu,
o absurdo poeta melancólico,
o que pule de outrora este marfim.
Atrás mercadores,
tirai vossas sujas mãos do verdadeiro corpo do amor.
Ela nos pertence,
este século o verdadeiro baile,
a Poesia o bailará em nós

Os integrantes das oficinas de Poesia Grupo Cero apresentaram na Feira do Livro de Madrid 12 (doze) novidades. Se encontrares outra oficina como a nossa lhe devolvemos sua razão, caso contrário nos consulte.

Fecho este número aniversário com uma idéia superior a mim,
necessito dois milhões de pesetas todos os dias de todos os meses,
para que o Grupo Cero tenha também seu periódico.
Imagino aos hierarcas do papel, quando se inteirarem de meus sonhos,
se cagando de puro medo.

MENASSA EM MADRID

FEIRA DO LIVRO DO RETIRO
Autografará exemplares:

3 de Junho: CARTAS A MI MUJER

10 de Junho: MONÓLOGO ENTRE LA VACA Y EL MORIBUNDO

BANCA 4

Das 10 às 14 horas:    Exposições e fóruns de discussão.
Das 15 às 16 horas:    Sala de projeção (vídeos: recitais e conferências)
Das 16 às 18 horas:    Grupos de encontro.
Das 18 às 20 horas:    Exposições e fóruns de discussão.
Das 20 às 22 horas:    Atos: Recitais, apresentação de livros, representação teatral, e festividades.

"Tenho tensão, tenho apetites, fomes de milênios e, agora, väo querer me conformar com algum pedaço de queijo, excrescências de alguma vaca pastora, ou a mesma vaca morta a pauladas e esquartejada em cima da mesa, recordando velhos rituais, onde os homens comiam uns aos otros, e isso era o amor.
            Cravo sem piedade minha faca contra o coração da vaca e a vaca muge, se dilacera de paixão diante do assassino. Eu, com precisão cirúrgica, separo graxa e nervos e dou à minha amada um bocado dos ovários calcinados da vaca.
             -Somos livres, me disse ela, enquanto se entretém no ruído de seus dentes tratando de dominar as partes queimadas do universo.
Depois, mais ligeira, fazendo de todo o espelhismo, uma mentira, me disse com soltura:
              -Em mim, vive uma vaca magistral, que muge e assassina todo o tempo. Às vezes, parece dolorida, mas nada lhe importa, sabe que nasceu para ser assassinada a pauladas e, então, caga por todos os lados e as flores enlouquecidas comem o essencial da merda e crescem aceleradamente para o futuro."