Revista semanal pela Internet ÍNDIO GRIS
Nº 403 - ANO 2009 – QUINTA-FEIRA 15 DE JANEIRO

 

UNE - DIRIGE - ESCREVE E CORRESPONDE: MENASSA 2009

NÃO SABEMOS FALAR, MAS O FAZEMOS EM VÁRIOS IDIOMAS
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ÍNDIO GRIS É PRODUTO
DE UMA FUSÃO

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E
O ÍNDIO DO JARAMA

A FUSÃO COM MAIS FUTURO
DO SÉCULO XXI

Indio Gris


ÍNDIO GRIS Nº 403

ANO IX

 

Eu acuso?
ou
o mundo inteiro caminha para trás?
 

* * *

 

O CARNAVAL DO CINE

III

 

Seguindo os conselhos

do velho sábio

conheci a igreja

e, também, o campo-santo.

 

Passava minhas tardes

nos cemitérios

buscando epitáfios

de críticos mortos.

 

Não encontrei nenhum

e tive algum medo

e quase tremendo

perguntei ao coveiro:

 

“Os críticos não morrem?”

“Morrem como moscas,

mas quando morrem

ninguém pensa neles.”

 

E assim preocupado fiquei

Por aproximadamente dois meses:

como viverão os críticos

que ao morrer ninguém os quer!

 

E me propus estudar,

dos críticos, a fundo

e gastei um dinheirão

por vê-los reagir.

 

Não tinham reações

eram como os autômatas:

acontecesse o que acontecesse

eles pensavam igual.

 

Algo assim como uma seita,

e perdão pela palavra,

todos juntos em frente

sem nenhuma diferença.

 

Um pouco decepcionado

e já quase sem dinheiro

voltei com a poesia

e, agora, estou contente.

 

Já tenho setenta anos

e não creio nos milagres,

hoje mesmo começarei,

sem duvidar, meu terceiro longa.

 

O CARNAVAL DO CINE

IV

 

Gosto de fazer amor

com quanta mulher conheça

mas devo confessar

que nunca pude de todo.

 

E não é que seja impotente

ou maricas ou abobado

é que a mulher prefere,

com paixão, fazer cine.

 

E se deita no ar

e diz frases românticas

onde o amor, ela e eu

vamos à grande tela.

 

Eu fico muito contente

quando me diz a causa:

Que não façamos amor

se temos tanta vontade.

 

Para poder agradá-la

gasto todo meu dinheiro

meu futuro e uma casa

e até, quase, vendo minha alma.

 

Com o assunto do cine

Passou a estar mais delicada,

agora canta e baila bem

e está um pouco mais delgada.

 

E de meus amigos

não quero nem falar,

todos eles querem

gozar e gozar.

 

Fazer cine, dizem,

será o melhor

contar quase tudo

sem nenhuma dor.

 

E, se vem a fome

ou vem o desamor,

não importa, mestre,

fazer cine é o melhor.

 

E eu, com tanta energia,

já não necessito fazer amor,

só quero fazer cine

mesmo que seja o pior.

 

E quanto aos críticos,

nos fazia muita graça

que insultassem e insultassem

até quando, de noite, sonhavam.

 

E se insultam, Sancho,

são como cães que ladram

e quando os cães ladram

algum cavalo cavalga.

 

Até a próxima.

 

Índio Gris

  


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