Revista semanal pela Internet ÍNDIO GRIS
Nº 345 - ANO 2007 - QUINTA-FEIRA
1 DE NOVEMBRO

UNE - DIRIGE - ESCREVE E CORRESPONDE: MENASSA 2007

NÃO SABEMOS FALAR MAS O FAZEMOS EM VÁRIOS  IDIOMAS
CASTELHANO... PORTUGUÊS... ITALIANO...
e alguns números, também, FRANCÊS, INGLÊS, ALEMÃO...

ÍNDIO GRIS É PRODUTO
DE UMA FUSÃO

O BRILHO DO GRIS
E
O ÍNDIO DO JARAMA

A FUSÃO COM MAIS FUTURO
DO SÉCULO XXI

Indio Gris


ÍNDIO GRIS Nº 345

ANO VIII
 

EDITORIAL
 

I

Em 1988 (há mais ou menos 20 anos), Menassa já falava a seus companheiros atuais de cinema. E, também, as pessoas de cinema que não são seus companheiros.

Tende cuidado que esta voz chega desde o futuro.

 

II

1988-MADRID

PSICOANÁLISE E POESIA
Saúde e Criatividade

Quero começar agradecendo esta nova possibilidade que se apresenta (que não é a primeira nem será a última) para chegar com a Poesia, não só ao coração mesmo das coisas, senão, também aos mais altos cumes do pensamento contemporâneo.

Sei que elegeram um especialista nos quatro termos que compõem o título de minha exposição, na qual não hei de ser precisamente eu, quem exponha suas razões. Já que ao dizer da verdade não há nenhuma psicoanálise dos que se realizem em nosso meio, além da psicoanálise didática na Escola de Psicoanálise Grupo Cero, que suporte o sentido de um só poema.

Bem visto desde a psicoanálise o problema se resolve quando a poesia é a simplicidade de ter substituído, eficazmente, a possibilidade de jogar da criança, pela possibilidade de fantasiar do adulto. E se de ser um poeta, nesta ocasião se trata, direi, que criativo pode ser uma criança, um executivo, um locutor de rádio, e até algum estudante de nossas Universidades, mas não chega, por si só, para conformar a figura de um poeta.

E por último e na tentativa de perfilar minha exposição, direi, que uma boa atitude para a criação, implica, precisamente, uma desarmonia, que não se adapta em quase nenhum caso, às pautas, harmônicas que determinam os conceitos de saúde que manejam os poderosos.

E agora que estou por completar cinqüenta anos, me digo que vivi meio século de um século maravilhoso, o verdadeiro século das luzes, e me é grato dizer, que não há nas sendas da alma humana, nenhum caminho traçado para a arte ou para a loucura. No homem tudo se constrói, até seus instintos.

A uma frase de condenar os organizadores pela mescla dos quatro termos numa formulação impossível, me digo com certo nervosismo: algo falou neles, que por resultar impossível caiu no registro do humano.

E se foi, então, a magnitude da audácia dos organizadores do Congresso ao combinar o título de minha exposição, me pergunto pela magnitude da minha. E esta frase, para quem está acostumado a ouvir, algo de sexual trouxe ao cenário das palavras. Um corpo vive entre nós nessas palavras.

Uma palavra feita carne como se dizia antigamente ou melhor dito, um pedaço de carne mostrando uma vez mais que há algo, ainda, humano no homem, não simbolizável.

Como começar, com êxito, uma articulação entre saúde e criatividade, por exemplo, em cidades onde seus estados, não cuidam da saúde e proíbem, mais ou menos, a criatividade.

Chego a dizer-me os dizes: que quiseram colocar a prova minhas especialidades e levado como é levado um jogador por uma grande aposta digo: sou um grupo e minha nobreza não é nenhuma nobreza. E ser um grupo não significa sequer que não vá colocar uma assinatura ao finalizar este escrito que recorde em parte meu nome e sobrenomes. Nem sequer que os fundamentos de meu próprio pensamento não me pertencem. Hoje quero ser um grupo no instante mesmo da vergonha, no mesmíssimo instante das grandes revelações. Sou um grupo aí onde lhes digo que há razão em pensar que da enfermidade à saúde há um só passo, como pensa o Excelentíssimo Prefeitura de Caspe. É lícito pensar que entre a mediocridade e a criatividade há um só passo, como pensa o Colégio de Psicólogos de Aragón. E mais lícito ainda, pensar que da loucura à poesia há um só passo, como pensa o Grupo Caspolino, mas essa razão poderá ser uma verdade material, histórica, só aceitando que hoje em dia, esse passo só a psicoanálise pode dar.

E se é necessário confessar, confesso, eu, também, fui tremendo a minha primeira sessão de psicoanálise pensando que nunca mais beijaria ninguém com paixão, que jamais escreveria um verso. Depois para vingar-me tive que escrever mais de mil versos e de beijar mais de mil mulheres, essa cifra bastou para que me sentisse vencido pela verdade. A paixão não termina porque não existe como tal, se gera entre as pessoas, entre as palavras, entre os acontecimentos. Estou recordando nestes espaços os gloriosos dias de minha juventude, onde até falar era uma paixão, talvez, a mais poderosa paixão de minha juventude.

Falar era mais que comer, era ir se enredando em situações, amores, traições, triunfos, derrotas, que jamais teriam sido mi vida, se tivesse me faltado a palavra.

Venho dizer-me e não sei muito bem, porque diante de vocês, que antes de ser escritor, eu fui falador. E gozava de uma saúde esplêndida. Me psicoanalisava todo dia, tudo o que passava por minhas palavras foi minha vida. De tanto falar, cheguei a dizer que para o homem muitas das coisas e situações que lhe parecem distantes por suas articulações alienadas, eram possíveis em novas articulações do que nessa época chamávamos ser. E assim, levado por minhas primeiras palavras, comecei meus primeiros amores, meus primeiros escritos.

Tive sorte, fora gerado para o gozo e gozei. Gozei com minhas primeiras relações amorosas e gozei com meus primeiros versos. A partir desse momento já nada tem arrumação em minha vida e minha saúde já não é esplêndida, porque mesmo que não padeça nenhuma enfermidade, me acossam todas as enfermidades, desde que escrevo, desde que faço amor, mil demônios de dúvidas me perseguem, porque a morte naquele gozo deve ter realizado sua primeira movida.

Aqui estou doce criança encantada, sou teu final e para mim a vida não havia começado, como vocês compreenderão isso ensombrece qualquer um.

Lhes falo, curtido por esse desprendimento de ter abandonado o gozo primitivo, a saúde primitiva nos braços de minha mãe, para ser escritor, para ser um amante, situações humanas por excelência, que por tais, desde seu início estão condenadas a morrer. Abandonar, lhes digo, para ser escritor, o doce balanço de seus braços, para submergir nos terremotos cósmicos da linguagem, onde a palavra mais que reinar, questiona todo reino ainda quando nos diz que o amor não são os acontecimentos da noite passada senão as palavras nesta clara manhã cheia de porvir, ou seja, outras palavras.

E não hás de crer pelos vieses, que estou me distanciando da questão, ou que não quero enfrentar a questão decididamente. Estou no próprio coração da questão e como sabemos não se pode chegar a nenhum coração sem ter pedido forças emprestadas ao ato de decidir. Mas vale dizer que ter feito o esforço e ter chegado ao próprio coração das coisas, não simplifica em nada o que tenho que dizer-lhes e mais ainda, torna mais complexo o discurso e o mancha um pouco com sangue, quer dizer que com as histórias das civilizações, com a política.

Uma das conclusões de minha exposição, poderia ser que a poesia, em minha voz, pede um lugar no homem.

Ou melhor dito, em castelhano, para que se entenda, enquanto há tantos enfermos descuidados, não haverá saúde plena para ninguém, enquanto haja um homem com quem o homem não possa, não haverá homem.

Psicoanálise e poesia; saúde e criatividade. Repito as palavras para voltar a ter a ilusão de crer que poderei, nesta oportunidade, segunda, já que na primeira tentativa cheguei a um caldeirão sem saída e que não poderei mesmo que o deseje, modificar com esta conferência o rumo algo desviado da saúde pública e duvido, também de fazer vocês chegarem a verdadeira dimensão de minhas palavras.

É por isso que nesta segunda vez, não tentarei nada e aceitarei desde o começo ter sido vencido pelos organizadores do Congresso, no sentido desse notável saber que sem inveja podemos colher da destreza de nosso vencedor. Fui posto num lugar, onde me caberia, segundo o caderninho de convites para o Encontro, defender a psicoanálise, já que a outros tocará, por negociações prévias, imagino, atacar a psicoanálise, ou pelo menos dizer que a psicoanálise nada tem a ver com estas coisas. Se trata, então, de que em forma lógica e razoável eu faça pesar em minhas palavras todo saber que se supõe avalizado por 25 anos de trabalho ativo no campo psicoanalítico. Mas aqui o problema (imaginamos que para facilitar a questão) os organizadores, conhecendo de antemão meus dotes poéticas, querendo facilitar as coisas, puseram a psicoanálise, repito, para facilitar minha defesa, ao lado da Poesia. Com o qual me tiraram a possibilidade de esboçar uma defesa, lógica e razoável, já que a poesia subverte toda lógica e lastima toda razão. Quanto ao agregado (volto a imaginar-me, produto de negociações) conciliador da saúde e da criatividade, não fazem outra coisa que sumir comigo no desespero das mesquinhas utilizações que o poder faz destas duas palavras em questão. Já que a saúde sempre termina definida desde a classe que a possui e todo criativo que não contribua com sua criatividade a sustentação do sistema burguês, termina sendo um marginalizado se chegou a certa idade. Mas se é um jovem, outra vítima mais da droga se fará evidente.

Até quinta-feira. 

Índio Gris

 


EM MADRID

Menassa contra menassa

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Nas quintas-feiras às 17h30 (do Brasil)

Miguel Oscar Menassa, nestes encontros lerá toda sua obra publicada
(1961-2006; poesia, teoria psicoanalítica, economia política, narrativa e cinema. Incluirá em suas conversas sua trajetória pictórica), com a intenção (e para isso conta com a colaboração de todos os integrantes) de revisar, corrigir, emendar, reparar, suprimir ou ratificar todo material bem escrito, teoricamente correto e ideologicamente são.

GRUPO CERO - c/Duque de Osuna, 4 Locales 3 y 4 - 28015 Madrid
Telf: 91 758 19 40 - grupocero@grupocero.org - www.grupocero.org


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¿INFIDELIDAD?
de Miguel Oscar Menassa

en madrid
hasta el 1 de noviembre de 2007 (INCLUIDO)
 A las 16,15 h y 18,10 h

CINES LUCHANA - c/Luchana 38

***

“INVOCAÇÕES” (2ª edição)
de Miguel Oscar Menassa

NA LIVRARIA, NO GRUPO CERO BRASIL


DEMÔNIO DO NASCIMENTO

Vêm, branco demônio,
o manancial onde florescem as madréporas
espera nosso abraço final.
                                               Nasço
e o estalo do sangue
                                           cega teu ser.

* * *

ESCUELA DE PSICOANÁLISIS GRUPO CERO

Seminario Sigmund Freud
(XXVII convocatoria)
Director: Miguel Oscar Menassa

91 758 19 40
Matrícula: 150 € - Mensualidad (12 meses): 150 €

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“LAS 2001 NOCHES”
Un programa de poesía y algo más

SÁBADOS DE 18,00 A 18,55h

Psicoanálisis, Fútbol y Otros Deportes, Medicina, Odontología,  Talleres de Producción, Teatro, Cine y más...
Dirige: MIGUEL OSCAR MENASSA

Con la colaboración de la Juventud Grupo Cero e Indios Grises
Radio Intercontinental -  www.radiointer.com - En el 918 AM
elelefanteblanco@juventudgrupocero.com                            Tel.: 91 758 19 40


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Aula Cero de Idiomas
Inglés - Francés - Español   (Todo el año)
Tel.: 91 542 42 85 - De 8 a 22 h
idiomas@aulacero.com - www.aulacero.com


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Madrid
Telf.: 91 402 61 93 - Móvil: 607 76 21 04
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Miguel Martínez Fondón. Psicoanalista.
Getafe (Madrid)
Telf.: 91 682 18 95

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Alcalá de Henares (Madrid)
Telf.: 91 883 02 13
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María Chévez. Psicoanalista.
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Telf.:
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