TERMINAMOS A FILMAGEM DE:

"Infidelidade?"

EDITORIAL

Quando todos esperavam minha desaparição, desapareço

Quando todos esperavam minha desaparição, desapareço. Sou o perfeito encanto da poesia a todo conforto, um abutre armazenando sua própria carniça, uma tristeza minguada pelo logro de ser. A céu aberto, toco uma nota desesperada. Amo e sou amado. Quando ela me relata como a amo, tenho que reconhecer ser o único capaz de faze-lo dessa maneira. Amada obstinada, terca serpente solitária atada a minha garganta, te choro, te faço pedaços em meus olhos. Tenho comigo essa crueldade que tanto ambicionaste.

Fui esse delírio aberto onde cabia perfeitamente teu sorriso. E nos beijávamos as pernas com ternura porque os sapos cantavam alegremente um porvir inesperado.

Te volto a encontrar, sempre te volto a encontrar quando abro minha boca, quando deixo por minha boca que deslize aparatosamente tua mirada. Éramos pequenos deuses e também pequenos diabos sangrentos, uma mescla de servidão e liberdade, ambas inconcebíveis, como um eco vazio em pleno mar, como um silencioso toque de queda a morte, assobio proveniente do mar.

Sinto falta docemente de tuas carnes durante toda a noite, sonhei, me atei aos braços da morte e teu corpo, no entanto, não deixava de chamar-me a atenção.

Quando todos esperavam minha desaparição, desapareço

 Índio Gris