A MULHER E EU
Poema 9

Um dia lhe confessei que estava triste
que uma dor proveniente da alma
me doía, pulçante, no lado.
Ela me olhou incrédula
não podia entender que a mim, também,
ocorriam essas coisas e além disto,
a dor se deteve para escutá-la
quando com algo de raiva disse:
Justo agora te ocorre enfermar,
com as contas sem pagar,
a casa hipotecada
e eu querido, ainda, insatisfeita.
Eu, tomando-me o coração com ambas mãos
para que não saisse correndo de meu peito,
lhe disse suspirando: insatisfeita de quê?
e ela, rapidamente disse: Dinheiro e sexo,
isso está bem ao lado teu,
mas eu quero lutar por minha liberdade

quero forjar um mundo sem sexo e sem dinheiro
entendes, querido?
sexo e dinheiro tem todo mundo
mas já ninguém tem liberdade,
assim que, sem medir as conseqüências,
desde hoje mesmo me declaro em liberdade.
Aqui, em minha casa,
diante de meus seres queridos
rompo as cadeias que, até hoje,
me atavam ao mundo
e tomo os caminhos do poema.
Eu estava emocionado mas confuso,
a declaração de sua liberdade
era algo que eu estava pensando
mas falar-me dessa maneira
justo no centro da dor,
não me agradou seu modo de liberar-se
e ao pensar em outras mulheres
não tive mais dor e me dei conta
que era capaz de sofrer do coração,
com a intenção de escravizá-la.
Sua liberdade me havia devolvido o coração.

A mulher e eu 9

  Índio 
	Gris