Revista semanal pela Internet
Índio Gris UNE - DIRIGE - ESCREVE E CORRESPONDE: MENASSA 2005 NÃO SABEMOS FALAR, MAS O FAZEMOS EM VÁRIOS IDIOMAS
ÍNDIO GRIS
É PRODUTO ÍNDIO GRIS Nº273 ANO VI EDITORIAL
O HOMEM E EU
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Há em mim
um soldado da liberdade,
que é o mesmo soldado
que defende meu pão,
o mesmo
que se enamora antes de partir.
Um soldado em plena liberdade
com um pão em suas mãos
e enamorado,
não fará a guerra, não,
nem, matará
ninguém pela espalda
nem violará
nem roubará o vencido
e, então,
já não será soldado
e terminará
seus dias na cadeia
por ter se negado a matar
crianças desarmadas
brincando na calçada
e, depois, na cadeia
alguém o matará,
algum superior,
algum companheiro,
por traidor.
O HOMEM E EU
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E hoje,
nestes dias
há um homem em mim
que ao levantar diz:
A poesia farão outros,
outros farão todo trabalho
outros,
comida e água, proverão:
Eu, entretanto,
quebrarei o naipe.
Já sem destino,
por tê-lo feito,
tocarei com meus versos
o centro do negro
e chorarei
pela alma que não pude ter.
Outros farão a guerra e o amor
outros farão a loucura e o tempo
eu, entretanto,
serei minha própria criação.
O HOMEM E EU
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Hei de morrer um dia
e um dia hei de viver
e quando minhas mãos
percam a alegria
morrerá um poeta.
E é uma casa limpa
o que ambiciono
para o distante e próximo
dia de minha morte.
Uma casa vazia,
sem portas,
sem janelas,
sem ninguém
que queira tomar o sol, o ar.
Meus seres queridos
preparando a festa
e a meu lado,
deixando-me morrer,
o rugido imortal
dos cem mil poetas
que fizeram, de minha vida,
este cantar.
Índio Gris ESTO ES PUBLICIDAD
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