Revista semanal pela Internet
Índio Gris UNE - DIRIGE - ESCREVE E CORRESPONDE: MENASSA 2005 NÃO SABEMOS FALAR, MAS O FAZEMOS EM VÁRIOS IDIOMAS
ÍNDIO GRIS
É PRODUTO ÍNDIO GRIS Nº263 ANO VI EDITORIAL
AMOR PERDIDO
A JUVENTUDE
I
Ao ir vivendo e só por viver
fui acreditando quase em tudo
e assim vivi o amor, como se fosse eterno
e assim jurei, pela amizade, em falso.
Depois vieram as noites da solidão,
onde amizade e amores caiam sem cessar,
até chegar ao fundo de abismos impossíveis,
até quedar fundidos em nuvens do passado.
E ninguém nunca mais recordaria o tempo,
onde com minha própria paixão enamorada,
da morte resgatava amores e amizades.
E agora estou, a sós, com meus versos
e vivo, intensamente, a luxúria do verbo,
como se comigo vivessem amores, amizades.
Miguel Oscar Menassa recita a César Vallejo
"ESPANHA, APARTA DE MIM ESTE CÁLICE"
Crianças do mundo,
cai Espanha -digo, é uma maneira de dizer-
cai
do céu abaixo seu antebraço que asen,
em cabresto, duas lâminas terrestres;
crianças, que idade a das fontes côncavas!
que cedo no sol o que lhes dizia!
que logo em vosso peito o ruído ancião!
que velho vosso 2 no caderno!
Crianças do mundo, está
a mãe Espanha com seu ventre sobre os ombros;
está nossa mestra com suas férulas,
está mãe e mestra
cruz e madeira, porque os deu a altura,
vertigem e divisão e suma, crianças;
está com ela, pais processai-os!
Cai -digo, é um dizer- sim cai
Espanha, da terra para baixo,
crianças como vais parar de crescer!
como vai castigar o ano ao mês!
como vão ficar em dez os dentes,
em traço o ditongo, a medalha em pranto!
Como vai o cordeirinho continuar
atado pela pata ao grande tinteiro!
Como vais baixar as gradas do alfabeto
até a letra em que nasceu a pena!
Crianças,
filhos dos guerreiros, entretanto,
baixai a voz, que Espanha está agora mesmo repartindo
a energia entre o reino animal,
as flores, os cometas e os homens.
Baixai a voz, que está
com seu rigor, que é grande, sem saber
o que fazer, e está em sua mão
a caveira falando e fala e fala,
a caveira, aquela da trança,
a caveira, aquela da vida!
Baixai a voz, lhes digo;
baixai a voz, o canto das sílabas, o pranto
da matéria e o rumor menor das pirâmides, e ainda
o das fontes que andam com duas pedras
Baixai o alento, e sim
o antebraço baixa,
se as férulas soam, se é a noite,
se o céu cabe em dois limbos terrestres,
se há ruído no som das portas,
se tardo,
se não vês ninguém, se lhes assustam
os lápis sem ponta, se a mãe
Espanha cai -digo, é um dizer-
sai, crianças do mundo; ide buscá-la!...
|