Revista semanal pela Internet
Índio Gris UNE - DIRIGE - ESCREVE E CORRESPONDE: MENASSA 2005 ÍNDIO GRIS
É PRODUTO ÍNDIO GRIS Nº258 ANO VI EDITORIAL
XV CONGRESSO INTERNACIONAL GRUPO CERO
A MULHER E EU - Psicoanálise das relações de casal
Bem vindos ao décimo quinto Congresso Internacional GrupoCero.
Estive lendo os jornais toda semana antes de vir a vê-los e lhes asseguro que não há um só coletivo de trabalhadores (nós
somos um coletivo de trabalhadores) que possa conversar, nem sequer o coletivo dos matrimônios.
Nós teríamos que tentar dar um exemplo. Sem temor da vergonha, sem temor ao grito, sem temor ao ódio, sem temor ao amor.
Somos o coletivo de psicoanalistas e o resto poetas, ou seja, o resto que nos resta de vida que demos à psicoanálise, dedicamos à
poesia.
Mas claro teríamos que demonstrá-lo e isso se demonstra conversando, então, eu espero que possamos falar, que pensemos que o
Grupo Cero, que organizou este Congresso, encarrega-se de psicoanalisar. Nem eu nem vocês, senão que nós temos que falar,
eu e vocês, o Grupo Cero se encarrega de psicoanalisar-nos, não se preocupem. Como isto está organizado pelo Grupo Cero,
e no Grupo Cero há psicoanálise então em tudo aquilo que organiza o Grupo Cero há psicoanálise, não se preocupem.
Nós temos que ocupar-nos de conversar, temos que ocupar-nos de saber o que o outro quer dizer, porque disse isso,
ainda que nos irritemos quando o perguntamos, não importa, cada um de nós temos que poder suportar a intervenção do outro,
porque se não tampouco vamos poder o amor, porque sabem que o amor, pelo menos entre um homem e uma mulher é um
desacordo infinito, no entanto há homens e mulheres que vivem juntos 100 anos, 200 anos, mas sem pôr-se de acordo nunca, senão
conversando, por isso há que aprender a conversar.
Há que aprender a conversar porque o amor ensina isso, a conversar, então haverá que enamorar-se.
Miguel Oscar Menassa
Diretor da Escola de Psicoanálise e Poesia Grupo Cero
Presidente do XV Congresso Internacional Grupo Cero
XV Congresso Internacional Grupo Cero
XV CONGRESSO INTERNACIONAL GRUPO CERO
PALAVRAS DE ABERTURA
MIGUEL OSCAR MENASSA
Diretor da Escola de Poesia e Psicoanálise Grupo Cero
Presidente do XV Congresso Internacional Grupo Cero
A dois meses de completar 65 anos, me foi encomendada a tarefa de inaugurar o XV Congresso Internacional Grupo Cero que, sob o
título de A MULHER E EU, tratará todo tempo da psicoanálise das relações de casal.
A Mulher e Eu é um livro que me levou e me leva (neste mesmo momento) por caminhos, ao mesmo tempo que terríveis, maravilhosos,
como a própria mulher fez com minha vida, minha poesia.
Uma poesia, um livro que me permitiu, uma vez escrito, ampliar meus próprios limites: sobre o amor, o desejo, a dor e a mulher.
O homem não é pré-dizível e a mulher também.
Nenhum ser humano, ainda que semelhante, é igual a nenhum ser humano.
Cada um beija de maneira diferente, ama e deseja de maneira diferente.
Cada maneira de entregar-se ao amor ou ao poema é diferente.
Como sujeitos de nosso tempo, temos muitas desgraças que não penso enumerar e nem sequer falar delas. Mas todos os
seres humanos temos uma graça em cada caso diferente. E se, todavia, há algum que não encontrou sua graça ou sua peculiaridade,
deve rapidamente consultar um médico da alma, na linguagem comum, deve consultar um psicoanalista.
É uma teorização sobre a mulher porque ela não pertence a ninguém, mas devo dizê-lo: o homem que se desenvolve no livro não sou eu.
São como seqüências históricas que vão desde o amor cortês à cortesia do amor. Onde amante e amado podem desejar que sim, que não e,
também, outras coisas.
Venho colocar uma questão sobre a moral que já nem sequer é cristã.
Devemos proteger a civilização, portanto nos corresponde trabalhar para que o mundo deixe de confundir o sexual humano
com o genital animal.
Não é que o homem se torne um animal fazendo amor, o homem também é um animal e faz amor assim: vagina, cu, pênis e,
neste ângulo, isso é todo o amor.
Mas também é certo que alguém, às vezes, se pergunta o que terá de nosso corpo a luminosidade das estrelas.
E também se pergunta como é possível deixar-se tocar por essa luminosidade, infinita e distante.
A possibilidade de modificar o mundo está no amor, mas fora de todo corpo, no âmago social, na escritura histórica.
Quando tinha 20 anos, uma mulher me olhou nos olhos e me disse sem deixar de olhar-me:
"Quero que sejas diretor de cinema".
E quando da mulher se trata, a intensidade do desejo não tem limites. Primeiro entreguei minha vida ao poema e a Ela.
Logo entreguei minha vida à pintura e a Ela.
Depois entreguei minha vida à música e a Ela.
Hoje em dia sou Diretor de uma Escola de Poesia e Psicoanálise e aí foi quando Ela me disse: "Basta. Já tens todos os
recursos, em 2005 serás um diretor de cinema". E aqui me tens, brandindo, de seu desejo, a mostra: 4 curta metragens
realizados em 2 meses e 15 dias e a firme decisão de rodar em agosto nosso primeiro curta em 35 milímetros,
como fazem as pessoas de cinema.
E não creiam que eu tenha algo a ver com tudo isto.
E este quer ser meu ensinamento: só uma mulher pode idear dessa maneira: 45 anos de estudos para poder fazer amor em plena cidade,
ao ar livre, em pleno agosto.
E já sei que ter realizado 4 curtas que tem a ver com a beleza em dois meses e meio não é, todavia, ter chegado ao "CINEMA",
mas quem disse que eu queria chegar ao cinema.
Talvez ficando onde estou, que é o mundo da poesia, o cinema venha a visitar-me.
Dou por inaugurado o décimo quinto Congresso Internacional Grupo Cero.
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