Revista semanal pela Internet Índio Gris
Nº 246 ANO 2005 QUINTA-FEIRA
28 DE ABRIL

 

UNE - DIRIGE - ESCREVE E CORRESPONDE: MENASSA 2005

NÃO SABEMOS FALAR, MAS O FAZEMOS EM VÁRIOS IDIOMAS
CASTELHANO, FRANCÊS, INGLÊS, ALEMÃO
ÁRABE, PORTUGUÊS, ITALIANO E CATALÃO

ÍNDIO GRIS É PRODUTO
DE UMA FUSÃO
O BRILHO DO GRIS
E
O ÍNDIO DO JARAMA
A FUSÃO COM MAIS FUTURO DO SÉCULO
XXI

Índio Gris


ÍNDIO GRIS Nº 246

ANO V

EL PAÍS, terça-feira 26 de abril de 2005

Morre apedrejada no Afeganistão uma mulher condenada por adultério
O marido atirou a primeira pedra e o amante recebeu 100 chicotadas

As forças multinacionais só controlam os poços de petróleo e os campos de ópio.

OCRE PRANTO

Ocre pranto de sangue coagulado
sob esta bolsa de lixo,
sob esta chuva de pedras, infinita;
grito apedrejado vivo pelo céu.

Aqui, dentro da bolsa
me custa respirar,
morrerei acaso de asfixia,
ou viverei, pelo contrário,
para ver se esvaziar, de sangue,
as feridas?

Se a primeira pedra
me alcançasse a cabeça,
talvez morresse dormindo, desmaiada
e não poderiam ver meus olhos,
meu corpo mutilado,
antes de morrer.

Perdoe-me senhor juiz, deus o faria;
e me retorço sobre mim,
volto ao ventre de minha mãe.
Perdoe-me senhor juiz,
os gritos do gentio ensombrecem
aqui sob esta bolsa,
enquanto as primeiras pedras
desfazem meus joelhos.

Perdoe-me senhor juiz,
todas as recordações,
aqui,
debaixo de minha bolsa,
mancham de um cruel vermelho
enquanto minhas mãos claudicam,
deixam de proteger meu rosto.

Deus,
perdoa-me,
o pranto se faz inútil,
aqui,
debaixo de tua bolsa
enquanto as pedras
já fecham firme meu ataúde.

Jorge Fabián Menassa de Lucia
de seu livro SOBRE PAPEL BARATO

Editorial

 

POESIA, CARTAS DE AMOR, PSICOANÁLISE,
EROTISMO OU PORNOGRAFIA?
ALGO DE POLÍTICA OU COLETA DE LIXO
E CARTA DO DIRETOR

A MULHER E EU
16

Quando ela me atacava sem motivos,
eu, quase sempre, pensava o pior:
ciúmes ou dor ou falta de dinheiro
ou a morte de um familiar querido
ou a central elétrica que saltou em mil pedaços,
uma guerra imprevista, a fortuna extraviada
ou milhões de crianças morrendo de fome.

Mas ela disse: Não hoje não me acontece nada,
hoje te ataco porque tenho motivos.
Mas quiero aclarar que, para a dor,
alcança um só ser, querido, morto.

Não busco, especialmente, quase nada.
Quando levo adiante o que buscava
algo encontro mas volto a perder
no próximo passo, na próxima frase,
o coito próximo, a poesia aí.

Falar com ela e fazer amor com ela
eram duas tarefas absolutamente diferentes:
quando falávamos, ela queria dizer tudo,
quando fazíamos, amor ela queria que eu
fizesse tudo, desejo e baile, tudo para mim.

A primeira vez que a interrompi
para poder dizer minhas coisas
me disse que não fosse machista
que a deixasse falar livremente,
que a deixasse desenvolver sua vida.

A primeira vez que lhe disse
que fosse mais ativa sexualmente,
ela me disse quase sem mudar:
por que não contratas uma bailarina?
Ou, melhor ainda, um professor de dança
ou uma massagista clônica e acelerada
e com tanto movimento não haveria poesia
assim que cala e come e logo descansa,
ama com paixão esta quietude e escreve.
 

"A mulher e eu 16"

 

A MULHER E EU
7

Dormíamos tranqüilamente quando ela
se levantou sobressaltada e me disse:
hoje quero ter uma aventura
viver o não vivido, amar o inexistente
e já sei que são três da manhã
mas quero andar um caminho novo
onde não fique um só rastro de mim
assim que, por favor, me escuta.

E não é que para mim, exatamente,
me agrade dormir de noite
mas estava dormindo, sonhando
tons do ocre sobre o preto.
Primeiro tive vontade de lhe dizer:
“vai te foder” ou melhor, indiferente
“te parece pouca aventura viver a meu lado?”
mas lhe disse, docemente, fazendo gala
do uso calculado de minha serena voz
quando pronuncio as vogais:
Oh Deusa, portadora da dor, te escuto.
Sou essa orelha invencível, fala,
dei ao vento o que será do vento
e ninguém escutará.
Ela, timidamente, recolheu a oferenda
e perguntou: então posso falar,
dizer o que me passa pela mente
sem convenções, sem moral, sem castigos?
Bom, lhe disse, limites há sempre,
no fim do mês me tens que pagar,
e ela desmaiou pela primeira vez em sua vida
ainda que por pouco tempo.
Logo despertou e perguntava ansiosa:
O que aconteceu, que aconteceu, que foi que aconteceu?
Nada, lhe respondi, tiveste um orgasmo magistral,
antes de desmaiar, te retorcias e saltavas.
Mas, o que estás dizendo, que eu me retorcia?
Não, lhe disse, estou dizendo que tiveste um orgasmo
e era lindo ver como se descompunha
teu belo rosto com o gozo.
Meu belo quê? Mas que estás dizendo?.

Teu belo rosto, amor meu, teu belo rosto,
essa beleza onde renasce, cada vez, o gozo.
Nesse momento ela disse: te amo,
quando minha beleza reina em ti, te amo.
E não era para menos
essas palavras que lhe havia dito
antes eram todas da poesia.

Te amo, dizia ela, enquanto se desnudava,
hoje farei de ti amado, mulher e besta
calhandra que deixa de voar porque chega o mar,
gazela que escapa sem escapar
e o vento a come.
Leopardo seduzido pelas luzes
do estalo da pólvora
que o matará.
Te farei meu amado, te farei...
Algo envergonhado, a interrompi
e lhe disse: Para quê tanto?
e ela me respondeu com uma pergunta:
Amas a outra mulher? isso é o que acontece
e então, desesperado a borda do abismo,
decidi dar-lhe o que pedia quando lhe disse:
Sim, estou enamorado de outra mulher
e ela nunca deixaria de me surpreender:
Gostaria de a conhecer, disse,
e adormeceu.

Pela manhã seguinte, no café da manhã,
antes de ir aos trabalhos,
me beijou agradecida e me disse:
Que aventura que tivemos a noite!
Querido, que aventura!
 

"A mulher e eu 7"

 

A MULHER E EU
19

Hoje me deito com uma ilusão,
disse em voz alta mas para mim,
a partir de amanhã hei de viver
como um artista, um escritor distinto.

Ela disse em voz alta, mas para ela:
Que simples é nosso amor
temos motivos para nos amar
e são tão poderosas as razões
que nada pode alterar nossa harmonia.

Nossos dramas, certos anoiteceres,
alcançavam o cume do horror.
Ela era muito caprichosa e eu também.

Estava falando, lhe disse,
de poder viver como o que sou,
um artista do verbo, um poeta da cor
e isso, em princípio, carece de harmonia
e se os finais existem no amor
ou na escritura, não é que nada termine,
é que o homem tem que dormir um dia,
um dia tem que morrer.

A vida para mim é muito simples:
vives comigo, me manténs, me amas,
quando me beijas, me desejas
quando não me beijas, não me desejas,
assim de simples,
a arte é a arte e a vida é a vida.

Nenhum dos dois pensava,
exatamente, o que dizia.
Cada um, montado em suas palavras,
defendia com unhas e dentes
seu próprio capricho.

A vida será muito simples,
refleti em voz alta,
mas é o verso quem a faz.
E no amor, querida minha,
quando nos passa o incrível,
o nunca visto ou escutado,
quero dizer-te que essa cena
que parece tão nossa,
saiu de um verso
escrito há mil anos.
Mas, então, perguntou ela com seriedade,
de mim o que amas, com que te divertes?

Me divertem teus desplantes,
tuas depressões,
tuas alegrias exageradas.
Nada do teu me é indiferente,
tua tesão me faz ir trabalhar,
teu desejo de viver com um grande homem
me foi fazendo escritor
e teus ciúmes, disparatados e quase sem motivos,
despertavam em mim desejos não aceitos,
vínculos que jamais tivera estabelecido
nasciam e se robusteciam com teus ciúmes.
Te amo por tudo isso, te parece pouco?
Ela, desta vez, deixou as coisas como estavam
mas entre sonhos murmurou:
Não entendo porque este homem
se conforma com tão pouca coisa...

"A mulher e eu 19"

Índio Gris

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