Revista semanal pela Internet
Índio Gris UNE - DIRIGE - ESCREVE E CORRESPONDE: MENASSA 2005 NÃO SABEMOS FALAR, MAS O FAZEMOS EM VÁRIOS IDIOMAS ÍNDIO GRIS
É PRODUTO ÍNDIO GRIS Nº 231 ANO V 6 de Janeiro de 2005 Madrid
DIA DE REIS
"Na casa do Poeta"
Menassa recita a Menassa
A PRIMEIRA PEDRA
Devoro o universo,
faminto,
ranjo os dentes de alegria.
Abro a boca,
sugo de teu ventre animal
o sangue perfeito.
Fundo minha fome entre tuas carnes.
Abdico.
A primeira pedra
PENSAMENTOS
PRÉVIOS AO ENCONTRO
Imerso em um tempo onde a loucura,
cresce para os espaços infinitos,
te busco em um sem fim de aconteceres,
em um sem fim de ódios e pântanos
e sóis caídos de seu centro.
Te busco -até o final-
entre os mortos,
branco lixo imemorial,
te busco em minha mirada.
Pensamentos prévios ao encontro
RECORDO A LIBERDADE
Um maio frio, sem luz, recorda minha cidade.
Estranho tudo o que fui:
Rosas e janelas sobre o mar,
aquela paixão,
por corpos femininos fugindo de si.
Retalhos de paixão,
antigos pássaros ao vento sobre a areia.
Vago de luz,
efervescência marítima,
desenvolvendo a maranha do tempo.
Horas em que a recordação cai
e os ídolos
e alguns sonhos infantis caem
e o universo se desmorona
e as folhas escritas voam por minha alma
e caem, antigas lendas onde o homem,
era feliz.
Recordo a liberdade
LIBERDADE DIVINO TESOURO
Sou um homem da cidade,
um homem,
condenado a viver entre as pedras.
Cresci entre o percal dos vestidos
e as babas de uma senhora inalcansável,
a liberdade.
Cresci sem vida interior,
no peito levo um farol,
pequena, simples luz e escrevo versos.
Em minha cidade
quando morrem alguns, alguém canta,
tênue luz,
murmura pelas noites uma tristeza,
um vendaval de fúrias,
repetição onde a morte tem sua palavra.
De criança me disseram que amáramos a Evita
e Evita estava morta
e eu a amei como se amam as sombras da noite
e entre seus braços e as sombras seríamos milhões.
Uma recordação:
foi morto pelas costas, meu primo, Miguel Ángel,
como se mata a quem não se pode suportar o olhar.
Quando morreu Miguel, meu primo irmão, tive uma dor,
uma clareza definitiva e, no entanto,
no outro dia amanheci cantando.
Fui ficando cego,
de ver morrer, de olhar matar,
de ver passar tanta gente indiferente.
Nos olhos tinha gotas de sangue,
ardentes manchas de violência em meus olhos.
Um ódio, um amor, uma distância sobre tudo.
Rugidos ocres, queixumes da besta,
Destroçados pela ilusão de ser,
pela ilusão de comer as flores
e teus olhos
e as cosquinhas em teus pés
e meus ferozes mordiscos em teu sexo,
como se teu sexo fosse o fruto perdido do homem,
aquele limão, aquela maçã inesquecível.
A liberdade foi se pondo jóias,
pedras preciosas entre suas brancas sedas
e entre suas carnes, ouro.
Foi se tornando inacessível monstro da distância
e, então, fui crescendo entre as sombras
e entre as sombras amei a liberdade:
fantasma aquático,
calhandra morta para sempre,
entre as vossas peles,
senhora distante, perdida liberdade.
Liberdade divino tesouro
UM FORTE VENTO INSISTE:
TUDO TERMINOU
Cantando as vidalas
faço estalar oboés misteriosos.
Em plena boca levo um profundo amor
e pólvora
e diamantes
e uma guitarra seca pelo ódio
e um contrabaixo velho chorando enlouquecido.
Sede,
murmúrio de águas e montanhas.
Lagos,
grotescas pedras na cabeça dos homens.
A música de fundo é um violino desesperado.
Sou quem desafina até o fastio.
Olho minha vida e canto, olho sua vida e canto,
sou um cantor que diz da vida,
tenho asperezas sempre.
Gostaria de ser alto e delicado,
ter amor todos os dias
e um manancial de leite fresco para o amor
e águas
e música de águas
e silêncios de mares
e cheiros,
traços de meu ser para as cerimônias do encontro.
Alto e virginal, celeste,
quase inalcançável,
escondido entre as preces,
vôo para tuas entranhas,
desgarro hímens e véus,
faço saltar tuas vestiduras pelos ares,
sustento entre meus dedos trêmulos tua desnudez,
agonizo.
Um forte vento insiste: tudo terminou
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