Passaram cinco séculos
e tudo
foi verdade.
Os esvaziadores de entranhas,
os violadores de sarcófagos
chegaram com suas bombas
ao centro da terra.
Queriam conquistarlo tudo
e tinham
uma desmedida paixão
–perversa-
pelos encontros virginais.
Amar,
amam acima de tudo
a brancura,
a assepsia,
uma espécie de surdo capricho
em construir
muralhas infranqueáveis,
em organizar nossos sentidos
e,
além disto,
claras argúcias,
modelos encantados,
rutilantes titulares ns jornais,
para ver
se é possível
que desviemos a mirada.
Não nos deixam viver.
Só precisam
que não tenhamos fome,
e tanta!
E para nosso desejo
as relíquias,
as torpes feras estonteadas pela velhice,
os desperdícios,
em fim,
para nós,
PÃO E CIRCO.
O tíbio e melancólico
costume dos povos bárbaros.
Quando todos esperavam minha desaparição, desapareço.
Sou o perfeito encanto da poesia a todo conforto.
Um abutre armazenando sua própria carniça.
Uma tristeza diminuída pela conquista de ser.
A céu aberto, toco esta nota desesperada: Amo e sou amado.
Quando ela me relata como a amo,
tenho que reconhcer ser o único capaz
de fazê-lo dessa maneira.
Amada obstinada,
terca serpente solitária atada a minha garganta.
Te choro, te faço pedaços em meus olhos.
Tenho comigo essa crueldade que tanto ambicionaste.
Fui esse delírio aberto onde cabia perfeitamente teu sorriso.
E nos beijávamos as pernas com ternura,
porque os sapos cantavam alegremente um porvir inesperado.
Te volto a encontrar,
sempre te volto a encontrar quando abro minha boca,
quando deixo por minha boca que se deslize aparatosamente tua
mirada.
Éramos pequenos deuses e, também, pequenos diabos sangrentos.
Uma mescla de servidão e liberdade, ambas inconcebíveis.
Como um eco vazio em pleno mar.
Como um silencioso toque de cai a morte.
Assobio proveniente do mar.
Sonhei,
me atei aos braços da morte
e teu corpo não deixava de chamar-me a atenção.
A frieza de meu corpo resultava inquietante.
Costumavas dizer-me:
amor, amor, o frio é nosso sonho,
a morte, a morte, a morte
nossa companheira inseparável,
amor, amor, o tempo sobre nós se fará vingança,
dos espêssos homens das nevadas terras do ódio.
Me encanta escrever,
um ruído como de cem mil canhões
aparentados
com o mais potente do humano,
o resto, todo o resto,
fusís podres pelo tempo.
Fui o cantor dos cantores,
vivi,
cinco mil anos.
Fui tudo o que morreu
com a grande bomba.
Os enxames de sonhos,
crivados pelas partículas,
-horrores das metálicas transformações-
e a esplêndida e portentosa
cupideira atômica.
A cagada final.
Sou, por último,
e desta vez
peço perdão pela violência,
o morto que fala.
Um milagre da poesia.
Uma feroz combinação
de tudo contra tudo.
O Mutante,
o diabólico experimento da loucura
contra o final atômico do século:
em uma só voz,
todas as palavras.
E agora posso dizer
que, à bomba feroz
e a suas conseqüências,
sou imune.
Uma espécie de selvagem indomável,
bárbaro de estilo.
O imbatível
bólido falante.
Vivo,
-há um século-
em um distante país,
ao sul da Europa.
Vivo,
por costume,
em seu próprio centro.
Ao sul da cidade,
onde a cidade
é ela e seu fim.
O vazio
onde aterrizam os desagües,
o próprio limite
entre a liberdade e a loucura.
Quero dizer
que Buenos Aires
não morreu
porque, viver,
vivo em seus subúrbios.
E no entanto,
-pelo velho vício do ministério-
ninguém suspeita.
Parado na vereda de minha casa,
ladeado,
com as pernas cruzadas
e a direita para trás,
contra o novo semáforo
apoiada,
e o cigarro
caído
da boca como se fosse um guapo
e, no entanto,
pensam que sou
um mal entendido,
um pasto selvagem
crescido inesperadamente,
fora de estação.
Cresço com dificuldades
sob a mirada atenta
dos surpreendidos agricultores.
Tanta beleza,
para o final do século,
não havia sido calculada.
E por isso,
por haver violado a lei
das aparições,
se fecunda sobre mim
o opaco murmúrio da calúnia,
o perigo
de um destino de loucos.
A desaparição.
Um homem,
uma mulher,
impedidos
em vãs recordações encobridoras:
a ameaça de castração,
a inveja do pênis.
Todavia,
não alcançaram o aroma do humano.
Ele,
têm pênis.
Ela,
não têm pênis.
São dois mentirosos.
Quando rocem alguma vez a verdade,
a transformarão em poder,
e o poder
o usarão,
para exterminar
a mentira sobre a terra.
São dois fanáticos,
dois crentes cheios de fé.
Ter até o final,
ter até o final,
única ilusão.
Ele um pedaço de carne
ou bem,
um pouco de dinheiro.
Ela
uma esperança,
ainda que mais não seja,
um desejo.
Menassa
recitando
Um homem(1:35min) (No se desespere mientras baja el video)
Até
o dia de hoje, votaram:
Pornografia:
222.000 Erotismo: 377.000
CONSULTA
GRUPO CERO
TRATAMENTO DE CASAIS
GRUPO
DE LITERATURA ERÓTICA
Miguel
Martínez Fondón
Psicoanalista
Coordenador:
Miguel Oscar Menassa
Pedir hora: 91 682 18 95 GETAFE (MADRID)
91
758 19 40 (MADRID)
ALGO DE POLÍTICA O
RECOLECCIÓN DE BASURA
Toda dialética
é,
obstinada.
Se repete em vão até o fim,
ainda que proclame independência,
ainda que proclame permanente revolução,
metamorfose permanente.
A história por agora,
duas classes em guerra,
transformando-se durante séculos,
em duas classes em guerra.
Uma que tem,
a outra que não tem.
Uma que tem a esperança de não perder.
Outra que tem a esperança de ter.
Um mundo,
como vemos,
cheino de esperanças,
onde a poupança e o esbanjamento,
não abrem
nenhum novo caminho.
O cu
fez seus estragos.
Um pobre homem
cujos limites são
a merda e a pureza.
Sempre um arrebato em linha reta
em um sentido ou em outro,
e como gosação,
cremos que 5.000 anos,
são anos suficientes.
Podemos tentar o desmascaramento:
o homem,
além de cu
tem coração.
Menassa
recitando
Toda dialética (4:20 min)
(No se desespere mientras baja el video)
CARTAS DEL DIRECTOR
CANTO UNDÉCIMO
OU CANTO FINAL
Escravos,
e, no entanto,
sou um escritor.
Só quero
suas famintas miradas sobre mim.
Só quero
-para o último poeta do ocidente-
um verdaidero luxo:
Testemunhas,
bilhões de testemunhas,
para o canto final.
E o atrevimento,
é insuspeitável
porque agora,
devo escrever,
nosso canto final.
Famosos rugidos,
quero,
selvagens vozes,
para que o poeta,
possa o impossível:
cagar no banheiro,
comer no comedor,
morrer em uma cama,
e um diploma de algo,
não lhe viria mal.
A impunidade é necessária.
A besta,
que descanse tranqüila,
que morra em paz.
O circo,
só necessita
seu passado.
Já o sei senhores,
a liberdade
não existe.
Eu mesmo o disse,
mas o poeta,
ama a liberdade.