Revista semanal pela Internet Índio Gris
Nº 163 ANO 2003 QUINTA-FEIRA 3 DE JULHO

UNE - DIRIGE - ESCREVE E CORRESPONDE: MENASSA 2003

NÃO SABEMOS FALAR, MAS O FAZEMOS EM VÁRIOS IDIOMAS
CASTELHANO, FRANCÊS, INGLÊS, ALEMÃO
ÁRABE, PORTUGUÊS, ITALIANO E CATALÃO

ÍNDIO GRIS É PRODUTO
DE UMA FUSÃO
O BRILHO DO GRIS
E
O ÍNDIO DO JARAMA
A FUSÃO COM MAIS FUTURO DO SÉCULO
XXI

Índio Gris

ÍNDIO GRIS Nº 163

ANO IV

EDITORIAL

Passei meio século esperando, ansioso, o que iam dizer de mim. Agora, e espero que não seja de todo tarde, compreendo tudo.

Ninguém dirá nada de ninguém, todo o mundo está ocupado em sua própria vergonha, em sua própria desonestidade.

Aves  ávidas de dor sem esperanças, porque não quiseram trabalhar e esperaram serem comidas pelo rugido sideral do tempo. Eu, em todo caso, como algo de vida ainda me resta, volto ao trabalho.

Poema na voz de Miguel Oscar Menassa

ANTEPASSADOS

Antigos pescadores, velhos espiões da dor
aqueles que nasceram para que eu nascesse
aqueles que traíam a ordem de matar,
eram inocentes.
                        Buscadores de ouro
artesãos dos bons costumes
para eles
                viver
                        havia sido dura aprendizagem.

Não tinham, na verdade, a elegância dos Normandos
e suas mulheres incapazes para as tarefas domésticas
haviam nascido para amar.

                                        Amar na primavera
as cores azuis persistentes e pelas noites
cantos de estranhos pássaros noturnos e a dor.

Falavam quando os acontecimentos naturais
quebravam a paz.

QUERIDA:

Desiguais festins enamorados.

Vou encontrando, nas argúcias da razão, toda tua beleza.

Vou abrindo nos espelhismos de tuas vozes meus amores mais ocultos.

Ofuscado pelas argúcias da noite teço sobre teus olhos este delírio aberto à mansidão das palavras mais cotidianas.

Tu me disseste:

- Quando a felicidade sublime da vida encoberta nos sentidos do ódio e da sabedoria de saber-nos, decididamente, amados pelos bons olhos de Deus...

E eu te respondi:

- Quando a felicidade se abre sem perdão,
   amante enlouquecido do nada,
   virtude alienada na loucura,
   lisonja meditada, distante.

Não venho pela dor do verbo enamorado.

Ela me disse, tranqüilamente:

- Eu nasço pela inveja e não pela cultura.

Hoje vi morrer e vi nascer e não tenho aprendido nenhuma das duas coisas.

- Continuamos na próxima.

Quando fracasso em qualquer coisa, sinto que é um fracasso do corpo. Bom, isto não pode seguir sendo dessa maneira já que o envelhecimento tem a ver com sentir no corpo o que deveria ser sentido na palavra.

Se quero tanta paz, terei que fazer uma guerra. E em uma guerra, tenho que sabê-lo, os vínculos familiares não contam, para quase nada.

Depois da crise de ontem, hoje vejo as coisas mais claras. Nem triunfo luminoso nem derrota sublime. Para mim a normalidade, a mediania, nem 50 que somos nós, nem 3.000 que são o mundo, senão apenas o suficiente, 100 que são o dobro de nós.

Ninguém sairá ganhando muito, mas tampouco ninguém perderá.

O Índio Gris

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