Ela
não queria me julgar, somente a
mim, ela queria julgar a toda
a humanidade.
Às
vezes, éramos como dois camaradas. Ela, nesses
momentos, se punha nervosa
quando eu a
tratava como uma mulher, depois,
quando estávamos na cama se irritava
se eu lhe falasse da guerra.
Diante
das crianças parecia uma mãe, normal e até
fluente, carinhosa. Depois,
quando apertava entre seus dentes alguma
bandeira de pão e liberdade, era uma
verdadeira pantera enamorada, sempre mais
veloz, mais
inteligente do que sua presa.
Em
meio ao campo de batalha, parecia uma
verdadeira deusa do ar. Nenhuma
guerra se animou a matá-la
e ela
costumava florescer em plena guerra. Desde cedo da
manhã excitava os
soldados jovens
e punha em
alerta a seus superiores.
Ela
era, na realidade,
o espírito
de nossas armas, sem ela nossas armas
perdiam eficácia, sem ela nosso exército
não existia.
Quando
perdíamos uma batalha ela explicava
que uma batalha não era a
guerra e que, de qualquer
maneira,
às vezes um,
outras vezes outros, alguém tinha
que perder.
Quando ganhávamos
uma batalha, ela não
explicava nada, só bailava e
bailava e bailava até o
amanhecer, depois, descansava um
dia
e, outra vez,
à guerra.
Ninguém
podia agüentar sua marcha. Destruía
todos os exércitos inimigos
e, também,
destruía seus próprios exércitos.
Ela
se chama Poesia,
é
uma mulher
e
não quer a guerra.