Revista semanal pela Internet Índio Gris
Nº 101 ANO 2001 QUINTA-FEIRA 2 DE
MAIO

 

UNE - DIRIGE - ESCREVE E CORRESPONDE: MENASSA 2002

NÃO SABEMOS FALAR, MAS O FAZEMOS EM VÁRIOS IDIOMAS
CASTELHANO, FRANCÊS, INGLÊS, ALEMÃO
ÁRABE, PORTUGUÊS, ITALIANO E CATALÃO

En las cumbres aladas

ÍNDIO GRIS É PRODUTO
DE UMA FUSÃO
O BRILHO DO GRIS
E
O ÍNDIO DO JARAMA
A FUSÃO COM MAIS FUTURO DO SÉCULO
XXI

Índio Gris


ÍNDIO GRIS Nº 101

ANO II

EDITORIAL

Claramente, me fiz de estúpido quando vi passar o número cem diante de meus próprios olhos. Não vi, não quis ver, não comparei com nada.

Depois também pensei, disfarçadamente, que chegar ao número cem me daria prestígio, que alguém diria com assombro "chegou ao número cem", que alguma mulher queria beijar essa grandeza.

Mas não aconteceu grande coisa, nem fantástica, o que aconteceu foi só o número cem.

POESIA, POESIA, POESIA, POESIA

PRIMEIRO DE MAIO

Hoje também
se festeja
o Dia Internacional do Trabalho
.

Dias para recordar
tudo o que não se pode.
Esses dias
em que os mortos vem em tropel
a perguntar
por que os recordamos?

Lágrimas para chorar
o que nunca se teve.

Cavalos loucos
éguas enlouquecidas
desluzidos reflexos
da fogueira
onde arderam as bruxas
quieta pomba ferida
sossego entrecortado
pela verdade
paz
com as asas rotas.

CARTAS DE AMOR

QUERIDA/O:

Hoje pensei, e isso que jurei que não o faria, em minha Pátria e sem mais uma dor estourou ao meu lado como um amor sem limites, bombardeado.

Minha Pátria está no sul do sul, por isso tremo ao recordá-la.

Argentina de prata
pequena República do pão,
estás ferida, a fome te coube
estás ferida a ponto de morrer
a pobreza te inundou o coração,
a pobreza chegou até teus amores.
O ritmo melancólico, ao caminhar
se transformou em uivo doloroso
o dinheiro se apoderou da alma
e os poderosos se apoderaram do dinheiro.
Sem dinheiro e sem alma
o cidadão mediano
vivia e não vivia, morria e não morria
e não lhe acontecia nenhuma outra coisa.

Quando chegava o inverno
sentia que já tinha vivido situações semelhantes
mas não se dava conta de nada,
nunca estava preparado para as mudanças de estação.

A chuva o molhava,
a chuva o inundava
a chuva apodrecia suas colheitas
a chuva o matava.

Depois vinha o sol e o secava
vinha o sol e o queimava
vinha o sol e te matava
secava as colheitas, rebentava a flor.

Às vezes, depois do sol vinha a neve
e a neve isolava os pequenos povoados
a neve gelava a vida vegetal
a neve congelava o amor na garganta.

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- Subindo as escadas de minha casa pensei que me dirigia ao seu consultório... Não sei...

- Algo com o impossível...

- Sim, claro, me psicoanalisar com minha mulher e me casar contigo. Ra, ra, ra.

- Continuamos na próxima.

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EROTISMO OU PORNOGRAFIA?

Sentada na beira da cama, ela cheirava meu longo corpo um pouco antes de tocá-lo ou olhá-lo. Eu fazia que estava dormindo e ela acreditava e se masturbava até o delírio cheirando meu corpo.

Você, o que opina?

Pornografia   ou   Erotismo

Até o dia de hoje, votaram:

Pornografia: 180.000         Erotismo: 315.000

 

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1

Há coisas que não podemos ocultar.

Se pode pagar menos impostos do que nos corresponderia, mas não podemos ocultar ser um trabalhador.

Se pode ocultar um velho amor, mas um novo amor não se pode ocultar.

2

Arrebatamento de luz
te busquei fora do tempo
e fora do tempo
não havia arrebatamentos de luz.

3

A democracia está enferma. 40% da população (porcentagem que, regularmente, representa a maioria absoluta) não deve, ainda que possa, oprimir os 60% da população.

4

Na política, como no amor, se pode juntar qualquer coisa com qualquer coisa.

5

Descobri as diferenças radicais entre a ULTRA DIREITA, a DIREITA, a ESQUERDA e a ULTRA ESQUIERDA.

A ultra direita diz que maltratará, se for necessário até sua desaparição, todo estrangeiro, o estranho, a novidade... e faz.

A direita não diz, mas faz.

A esquerda diz que não tem alternativa e faz.

A ultra esquerda te mata se te vê saindo do lugar de estrangeiro!

Queridos, queridos órfãos de amor:

Deixa que a água beba toda a sede.

Eu me encarregarei de separar, definitivamente, o caminho da noite, a noite do mal, o mal da nostalgia, a nostalgia do adeus, o adeus da morte, a morte do esquecido, o esquecido da memória, a memória da recordação, a recordação da história, a história dos homens, os homens de sua vida, a vida da mulher e, se pudesse, minha mão da caneta, a caneta de meu pensamento, meu pensamento da sexualidade e minha sexualidade da tua, amor meu, que já não posso mais.

Há muitas coisas que não trato nesta carta e muitas questões que deixo sem separar, com a esperança de que o mundo não acabe esta noite.

Índio Gris


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