Revista semanal pela Internet
Índio Gris UNE - DIRIGE - ESCREVE E CORRESPONDE: MENASSA 2005 NÃO SABEMOS FALAR, MAS O FAZEMOS EM VÁRIOS IDIOMAS ÍNDIO GRIS
É PRODUTO ÍNDIO GRIS Nº 238 ANO V EDITORIAL Quero felicitar às oficinas em geral, coordenadores, etc, porque realmente a produção que estão tendo me maravilha, tanto em poesia como em pintura.
"A PÁTRIA DO POETA"
I
Voluptuosa semente, aqui me planto
e crescerei e, aqui, deixarei raízes
e terei brotos que, por sua vez,
terão outros brotos.
Decreto ao ressequido patamar castelhano,
a pátria do poeta.
Arrancarei perfumes de tuas rocas,
como de flores da estação do sul,
e alguém dirá:
antes das cores do poeta,
vos,
eras gris.
E eu recordarei:
Haver te pintado os lábios com meu nome.
Sobre o verde aroma do limão,
-cavalo dos astros-.
Índio de luz,
cobre rasgado pelo oxigênio vital,
minha poesia,
pulmão do universo.
Líquens lodosos
e alforjes repletos de maçãs,
detidas no tempo do frescor.
Imensidade,
verde infinito,
raio de sol,
entre as sobrancelhas do profundo mar,
atlântico silvestre.
Não veis que sou quem os saúda,
desde além dos mais altos cumes,
além dos obscuros céus de Deus;
desde a profunda galáxia do verde.
Meteórica expansão do arco íris,
sou uma cor que já não tem,
o branco,
da pequena pureza imaculada,
nem o manto negro da morte,
desolada,
nem os olhos sangrantes do rubi.
Sou do celeste cosmos e do sol,
a conjunção marítima e alada.
Minha voz,
é o rasgado da guitarra astral.
Meu canto,
é o som gutural do tempo.
Canto e estouro cada vez,
e cada vez,
me desintegro.
Perco meu ser entre fragmentos
e nesse vazio de nada e de cor,
porque já não serei,
recorro os espaços infinitos,
montado em verde luz,
praderia dos céus
Pampa,
estendida nas alturas.
II
Pequenas orquestras de marfin executam,
cantos de violência,
Opaco verme azul,
alegre e bestial entre violinos,
feroz baixo de amor. Albatróz e princesas.
Bendito verme solitário,
quem se arrasta vive em mim.
Sou quem vaga obscurecido pelas águas,
um feto e seu destino:
Vertente lumínica.
Catarata vulcânica.
Verme infernal. III
Sou quem chega do centro profundo da terra.
O ozônio vil,
o oxigênio apaixonado do universo,
o sangue bestial.
Decidi viver em um trapézio astral,
ser a marionete intergaláctica.
Provenho da terra,
sou o furibundo vendedor de ilusões.
Minha vida é a de todos.
V
Aqui estou no incalculável espaço do horror.
Sou, na quinta lua de Saturno, o olho,
que mira o universo.
Sete mil anos de carnes maceradas me deram a visão.
Razão e verdade são, para mim,
afáveis ternuras do passado.
Olho cáustico e apaixonado indico novos rumos:
viver num inquestionável vaivém
entre a terra e o universo,
ser uma proteína carnívora e sangrante
e, ao mesmo tempo, um pedaço de céu.
Uma palavra no espaço,
entre os infinitos,
lençóis da morte.
VI
Meu pai é uma carne aberta ao sol,
meu pai é o oriente.
Minha mãe é a celeste e confortável,
máquina de ocidente.
Nasci de dois seres agônicos,
quero dizer, uma combinação impossível.
Nasci feroz, atômico, silvestre.
Fui desde o começo um incalculável erro,
não tive limites e explodi, também,
contra minha vida.
E voando em pedaços,
sou quem engrandece o universo,
quem resgata os limites do ser
e voando, aérea luz,
astro dos encontros.
VII
Se a morte não existe,
à vida oporemos a vida.
Apóstolo do verbo,
em minha garganta nasceram desde o primeiro encontro,
mil cordas oceânicas e cantoras.
Satélite do humano,
represento o impossível.
VIII
Não vejo o mar há séculos,
estou no deserto dos céus.
Uma cadeia atada a uma ilusão,
uma ilusão girando, enlouquecida,
ao redor de uma cadeia.
Um enigma onde leites brancos e perfumados
caem no coração da noite.
Vertigem entre as sombras,
asteróide decapitado por furacões de sucos e cartilagens.
Pássaros imóveis,
águas de uma vertente ao limite de suas forças,
pássaros como árvores,
florescem.
IX
Cantos de robles obscuros e malignos.
Pequenos pássaros nas mãos de um outono vil.
Tempo entre os espaços,
aconteço no ser pelo mais frágil.
Sou um pedaço de carne viva e eloqüente,
entre os lixos,
um escalão ao mundo dos astros.
Dizer vertente oceânica, é dizer,
que não conheço meus desafôgos.
Pássaro sem dimensões,
com minhas asas,
sou quem move as estrelas.
Viajai comigo, obreiros da vida,
pequenos mortos, de pequenas palavras,
sou o vaivém de um universo inesgotável.
Quem termina tem seus pés sobre a terra,
voando, lhes digo,
o mundo é infinito.
X
Intergaláctico e coloquial,
sou,
o fim da loucura.
Pequena razão feita pedaços,
Musgo nascente e firme
canção para o ocaso.
Paradoxo brutal.
Máquina enfrentada a sua paixão de ser.
Louca energia querendo estourar o universo.
Uma carne em meio, exato, da pupila astral,
uma vagina, sempre esquartejada e aberta,
parindo nos abismos celestes da noite,
o infinito tempo do amor.
Vexame e luz,
vacilação instantânea entre os sóis,
estilhaços de astros e estilhaços entre os astros.
Planetas mancomunados para viver,
estalam em todas direções,
tentam em diálogo fulminante,
um xeque-mate à morte.
Pássaro de neve.
Pássaro de montanhas nevadas.
ASAS E NEVES E PÁSSAROS DE SAL.
Pássaros ardentes de água e luz,
Lombriga do tempo.
Bico de águia voraz sobre a única serpente.
Maçãs e rubras esmeraldas
e magnólias sangrantes para os olhos
daquele que vive entre as estrelas,
para viver.
Debaixo da vida,
a terra,
se abre majestosa ao opulento espaço dos sóis.
Viajo, por esse tacho, para o espaço,
descubro o universo.
Serpente e anjo,
semeio sobre os céus o apocalipse do sentido.
Busco,
no próprio córtex da terra,
um céu azul,
pássaros entre montanhas.
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